29 julho 2013

Marchas do Cercal 2013 - Pelo Cercal!

A PROPÓSITO
DAS MARCHAS DO CERCAL


As Marchas do Cercal 2013 deste ano estão na rua, para quem as quiser e puder ver, e ainda bem!, mas estiveram em risco, por desentendimentos entre pessoas.

Não tomo partido por nenhuma das partes, apenas porque não sei quem tem razão, e porque desconfio que todos a tenham em parte e que ninguém a tenha na totalidade. O tempo encarregar-se-á de despir eventuais fachadas e de mostrar o que possam esconder.

Penso é que divergências e interesses pessoais não deveriam prejudicar o interesse comum, a menos que assentem na constatação de irregularidades ou ilegalidades, e nesse caso deveriam ter sido devidamente denunciadas nos locais próprios.

Independentemente da natureza e das razões da contenda, vejo em toda esta situação alguma intolerância, uma certa sobranceria, e umas boas doses de umbiguismo exacerbado, maior que a Barragem de Campilhas!

Não pretendo dar lições a ninguém, mas penso que um bocadinho de modéstia e humildade ficaria bem às partes em contencioso. Já deveriam saber que só os cemitérios estão cheios de gente insubstituível, e que, por muito importante que seja o contributo que possamos dar individualmente, a verdade é que não conseguimos fazer nada destas coisas sozinhos; por mais qualidades que tenhamos, os nossos defeitos deixam-nos longe da perfeição e aquém da auto-suficiência: eu, pelo menos, não conheço nenhuma marcha só com uma pessoa, seja ela quem for, homem ou mulher, nova ou velha, alta ou baixa, gorda ou magra, presidente ou coreógrafa!

 

O Cercal precisa mais de quem construa do que de quem deite abaixo; precisa mais de esforço colectivo do que de D. Sebastiões. Portugal acreditou um dia em D. Sebastião e deu-se mal!

O Cercal precisa do pensar positivo, do agir com verticalidade, do debate com elevação, e não de pequenez disfarçada de liderança, feita mais de palavras que de actos, mais pavão que formiga.

O Cercal não é uma pastilha elástica que se usa para dar nas vistas a fazer balões e se deita fora quando já deu o que tinha a dar! E as colectividades são demasiado relevantes, algumas com muita história! Não podem ser peças de xadrez, nem troféus para coleccionadores de títulos.

 

Declaro aqui, com toda a clareza, que me recuso a ver na realização das Marchas 2013 um qualquer tipo de retaliação, despeito ou vingança relativamente seja a quem for ou ao que for.

Pela minha parte, enquanto autora da letra da Marcha, nada disso me moveu, move ou moverá.  Não agi nem contra nem a favor de uns ou de outros. E não consinto ser usada para isso. Respeito ambas as partes, a ambas considero, e em ambas vejo grandes qualidades, com provas dadas, e que têm sabido colocar ao serviço do bem comum.

Aceitei participar nas Marchas por achar que a iniciativa merecia ter continuidade, pelo que representa para todos os envolvidos, para os Bombeiros (uma instituição que vive as dificuldades que todos sabemos) e para o Cercal, que de todos precisa.

Foram neste sentido as minhas breves palavras, na noite de apresentação das Marchas, e parece-me que é também este o pensar da generalidade dos marchantes.

 

Tive o privilégio de estar envolvida em algumas das maiores iniciativas que a freguesia do Cercal alguma vez conheceu, e sei que elas só se realizaram com o talento, o envolvimento e o contributo de muitíssima (mas mesmo muitíssima!) gente, independentemente de terem sido idealizadas por um pequeno grupo.

Somos uma grande terra, é certo, mas somo-lo na soma das nossas diferentes valias e das nossas divergências! É justamente daí que vem a nossa força!

Se algum dia estivermos todos inteiramente de acordo, estaremos provavelmente muito mal...

Quantos mais e diferentes formos, maior é a nossa criatividade, melhor é o produto do nosso esforço! E há muito talento no Cercal! É preciso juntá-lo, valorizá-lo e não desperdiçá-lo, muito menos rejeitá-lo ou desprezá-lo!

Tudo isto me deixa um pouco apreensiva, e preocupa-me ver gente que se acha acima de todas as críticas, do mesmo modo que me assusta ver gente com medo de criticar, que prefere calar-se a enfrentar as dificuldades do debate de ideias, para não trilhar...porque...

A subserviência não é uma qualidade e não faz avançar o mundo. Só alimenta egos, mas não está provado que o bem de um ego seja o bem comum.