24 abril 2020

#EstudoEmCasa e as Críticas aos Professores

OS PROFESSORES 
DO ESTUDO EM CASA


Em teletrabalho, tenho mantido um olho no
 #EstudoEmCasa.

Hoje, fiquei presa à aula de Leitura e Literatura.
Cativante, a professora Dulce Sousa abordava com clareza a construção e as características do herói (no vídeo, aos12:25), e explicava como ele rompe com o conforto e a normalidade, estabelece um objectivo, e impõe a si mesmo um desafio, que o fará entrar num território de imprevisibilidade.

Gostei muito. Mas gostei ainda mais da forma como Dulce Santos associou estes conceitos à sua situação de professora "normal" que aceita o desafio de se expor num território de novidade chamado #EstudoEmCasa.

Não sendo uma heroína, Dulce Santos usa competência científica, pedagógica e de comunicação para enfrentar o seu desafio, e dar justa réplica aos que (docentes e não só...) apontam o dedo a quem está a fazer aquilo que eles, do alto da sua excelência crítica, nunca aceitariam levar a cabo.

Outros, no #EstudoEmCasa, não terão a qualidade e o à-vontade de Dulce Santos; ali, como nas escolas, há grandes professores, há-os medianos e haverá mesmo alguns que...
Na docência como em qualquer outra actividade, o nível de profissionalismo é variável.

Mas, nesta nova era de videoconferências e uso de webcams, professores, pais e alunos têm, como nunca, a oportunidade de se gravarem a si próprios, expondo um qualquer assunto do seu conhecimento, durante alguns minutos, frente à câmara, no conforto de suas casas, certamente menos intimidante do que um estúdio de televisão.

Experimentem, e a seguir visionem o resultado.
E depois falamos.

22 abril 2020

Os Ridículos Aumentos Salariais

AUMENTOS SALARIAIS - A ILUSÃO


Não compreendo.

Os homens que nos mantêm limpas aldeias, vilas e cidades vão ter um aumento salarial ilíquido de 1,90.

Os que nos estão a reembolsar o irs, os que desinfectam os centros de saúde, os que nos tratam na doença, os que ensinam agora à distância, os administrativos que nos atendem, terão aumentos salariais na ordem dos 2,5/3/4/5 euros, ilíquidos (ILÍQUIDOS!) por mês.
Continuam a trabalhar.

Mas, porque há desemprego, lay off e dificuldades, há quem ache que não deveriam receber agora o aumento atribuído para 2020, (e que até poderiam já estar a receber há mais tempo).

Se o Orçamento de Estado tivesse sido aprovado em janeiro, e a actualização salarial tivesse sido paga antes da crise pandémica, alguém ousaria agora reivindicar que esse aumento fosse suspenso?

A isto chamo populismo, demagogia, oportunismo.

O sol não se tapa com peneiras.
A miséria de uns não melhora se reduzirmos o rendimento (algum dele, bastante baixo) de outros.

Vejo uma brutal incoerência em quem regateia 1, 2 ou 3 euros e não faz nada relativamente a offshores e outras fugas ao fisco, que por sinal é coisa que o reles e odiado funcionário público não pode fazer.

17 abril 2020

Compras na Era Covid-19

O problema não é ir às compras,
é VIR das compras.


Descalço-me. Poiso chave e carteira. Não poiso sacos... Já para a cozinha, sem tocar em nada.

Mudo de roupa e lavo as mãos. Volto à cozinha. Lavei as mãos e agora vou mexer nas compras...

Zona de limpos e zona de sujos. Desinfecção de adquiridos. Faço o quê aos morangos embalados? A embalagem tem buracos... Fizeram os buracos de propósito para me tramar.

Legumes a granel? Para dentro de sacos limpos. Atenção! Não posso tocar com os sacos um no outro! Sacos sujos para a varanda, já!

Latas e frascos: borrifa, deixa actuar, enxagua, deixa escorrer, seca, borrifa, deixa ficar, enxagua, escorre, seca... Meia hora nisto.

Olho, e só vejo covids em tudo o que é compra, a bancada invadida por um batalhão deles. E basta um para dar cabo de mim. Respiro fundo. Respirei fundo perto dos sacos?

Calma, não há prova científica de que o vírus levante voo de uma superfície e entre nas minhas narinas...

Tenho de parar, ou deito isto tudo fora!

Lavo as mãos lavadas. Sento-me a olhar para o que falta higienizar. E escrevo isto.

Já desabafei. Vou voltar à bancada e continuar o milagre da desinfecção.

Valha-me Santa Paciência...