IGREJA CATÓLICA, DIOCESE DE BEJA, E ROTATIVIDADE DE PÁROCOS
Num espaço de dois anos, a paróquia do Cercal vê serem-lhe retirados dois párocos, contra a vontade dos praticantes e de muitos outros cercalenses.
Não quero comparar os dois párocos, nem a sua distinta forma de estar no sacerdócio.
Nem vou esmiuçar o modo diferente como cada um deles interagiu com os crentes e com o Cercal.
Nem falarei de intrigas e disputas de poder que muitos consideram minar por dentro a paróquia.
E também não sei se sair do Cercal foi/é desejo dos párocos, apenas partilhado com a hierarquia.
Assim, e independentemente de todos esses aspectos, foco-me no que julgo essencial, que é a relação da Igreja com os praticantes e, de um modo mais geral, com as comunidades.
A Igreja pede dinheiro na missa, como pede contributos para restaurar casas paroquiais e igrejas, pelas quais nem sequer paga impostos... como se o Estado do Vaticano não fosse dos mais ricos do mundo!
Não é esse, infelizmente, o pensar da Igreja, nem parece ser esse o seu objectivo. Nem é essa, visivelmente, a sua postura.
Os que de perto o representam na tomada de decisões prolongam, em conta-corrente, o reinado secular de uma Igreja fria, calculista, arrogante, autoritária e retrógrada.
Com todo o respeito por cada um dos meus conterrâneos católicos e pelos párocos em questão ( e respectivas escolhas) considero que é desta Igreja que o Cercal está a ser vítima.
O Cercal, e não só, porque, ao contrário do que podemos ser levados a pensar, o problema é estrutural, e não conjuntural.
Do meu agnóstico ponto de vista, a instituição Igreja não está preocupada com o que sentem e pensam os católicos anónimos. São ovelhas de um rebanho que ela conduz a seu bel-prazer. E faz o mesmo com o seu património. Usa, mas não respeita nem preserva.
Para a Igreja, tem tanta importância a opinião do rebanho acerca do seu pároco, como que o telhado do templo caia. Não querendo saber do que acha "o povo de Deus", fazendo-lhe orelhas moucas, troca de párocos; sacode para a autarquia e a comunidade o dever de preservar o edifício-igreja que à Igreja pertence.
Mas onde eu vejo desrespeito pelas populações e incúria, a Igreja vê o exercício da sua autoridade religiosa, vê deveres dos paroquianos e dos cidadãos, e auto-isenta-se de responsabilidade e do dever de ouvir os crentes e de se justificar perante eles.
Repugna-me um rico a pedir esmola. E repugna-me ainda mais que esse pedido venha de quem se arvora em detentor e bastião dos valores cristãos no mundo, que católicos, não católicos, crentes e laicos têm, aos seus olhos, o dever de respeitar.
A Igreja coloca um pároco desconhecido numa paróquia e obriga-o a um trabalho intenso de aproximação às pessoas, de conquista pela palavra, pelos afectos, pelos actos. Espera que ele cumpra, e que o rebanho cresça, fruto da acção e do envolvimento com a comunidade.
Se se preocupasse verdadeiramente com a fé, a Igreja quereria consolidar laços, reforçá-los através da confiança entre os paroquianos e o "seu" pastor, confiança que só o tempo solidifica. Saberia que as raízes da fé precisam de tempo para se ligarem à terra, como uma árvore precisa de tempo para crescer.
Se se preocupasse efectivamente com a preservação dos espaços de culto, a Igreja saberia a importância de valorizá-los e assumiria a sua conservação, por respeito pelos fiéis que os frequentam e pelas populações que quer agregar e evangelizar.
Lamento que o Papa Francisco (que admiro na mesma proporção humana em que admiro o Dalai Lama) seja assim ignorado nos seus propósitos de ver a Igreja contribuir para um mundo melhor.
Não quero comparar os dois párocos, nem a sua distinta forma de estar no sacerdócio.
Nem vou esmiuçar o modo diferente como cada um deles interagiu com os crentes e com o Cercal.
Nem falarei de intrigas e disputas de poder que muitos consideram minar por dentro a paróquia.
E também não sei se sair do Cercal foi/é desejo dos párocos, apenas partilhado com a hierarquia.
Assim, e independentemente de todos esses aspectos, foco-me no que julgo essencial, que é a relação da Igreja com os praticantes e, de um modo mais geral, com as comunidades.
A Igreja pede dinheiro na missa, como pede contributos para restaurar casas paroquiais e igrejas, pelas quais nem sequer paga impostos... como se o Estado do Vaticano não fosse dos mais ricos do mundo!
Não é esse, infelizmente, o pensar da Igreja, nem parece ser esse o seu objectivo. Nem é essa, visivelmente, a sua postura.
Os que de perto o representam na tomada de decisões prolongam, em conta-corrente, o reinado secular de uma Igreja fria, calculista, arrogante, autoritária e retrógrada.
Com todo o respeito por cada um dos meus conterrâneos católicos e pelos párocos em questão ( e respectivas escolhas) considero que é desta Igreja que o Cercal está a ser vítima.
O Cercal, e não só, porque, ao contrário do que podemos ser levados a pensar, o problema é estrutural, e não conjuntural.
Do meu agnóstico ponto de vista, a instituição Igreja não está preocupada com o que sentem e pensam os católicos anónimos. São ovelhas de um rebanho que ela conduz a seu bel-prazer. E faz o mesmo com o seu património. Usa, mas não respeita nem preserva.
Para a Igreja, tem tanta importância a opinião do rebanho acerca do seu pároco, como que o telhado do templo caia. Não querendo saber do que acha "o povo de Deus", fazendo-lhe orelhas moucas, troca de párocos; sacode para a autarquia e a comunidade o dever de preservar o edifício-igreja que à Igreja pertence.
Mas onde eu vejo desrespeito pelas populações e incúria, a Igreja vê o exercício da sua autoridade religiosa, vê deveres dos paroquianos e dos cidadãos, e auto-isenta-se de responsabilidade e do dever de ouvir os crentes e de se justificar perante eles.
Repugna-me um rico a pedir esmola. E repugna-me ainda mais que esse pedido venha de quem se arvora em detentor e bastião dos valores cristãos no mundo, que católicos, não católicos, crentes e laicos têm, aos seus olhos, o dever de respeitar.
A Igreja coloca um pároco desconhecido numa paróquia e obriga-o a um trabalho intenso de aproximação às pessoas, de conquista pela palavra, pelos afectos, pelos actos. Espera que ele cumpra, e que o rebanho cresça, fruto da acção e do envolvimento com a comunidade.
Se se preocupasse verdadeiramente com a fé, a Igreja quereria consolidar laços, reforçá-los através da confiança entre os paroquianos e o "seu" pastor, confiança que só o tempo solidifica. Saberia que as raízes da fé precisam de tempo para se ligarem à terra, como uma árvore precisa de tempo para crescer.
Se se preocupasse efectivamente com a preservação dos espaços de culto, a Igreja saberia a importância de valorizá-los e assumiria a sua conservação, por respeito pelos fiéis que os frequentam e pelas populações que quer agregar e evangelizar.
Lamento que o Papa Francisco (que admiro na mesma proporção humana em que admiro o Dalai Lama) seja assim ignorado nos seus propósitos de ver a Igreja contribuir para um mundo melhor.