Dantes, o período natalício chegava com o mês de Dezembro.
Por tradição, na primeira semana revelavam-se as decorações das montras e as iluminações exteriores.Recebido o salário de Novembro, os adultos partiam às escondidas à cata do presente que haveria de surpreender a criança na manhã de 25 de Dezembro, trazido pelo Menino Jesus, via chaminé.
Um dia, a "Caca-Cola" decidiu que o Menino Jesus era kitch e insonso e, numa tirada comercial, substituiu-o pelo Pai Natal, que ofereceu ao mundo vestidinho de vermelho.
Teve então início uma nova era.
Os adultos passaram a entregar em mão os presentes às crianças, vestidos de "Ho-Ho-Ho!".
O Menino Jesus só já conta para o presépio, e as montras enchem-se de renas e veados espantados com a nossa falta de neve.
As televisões apresentam-se com separadores alusivos, ou com um logotipo de barrete ou encavalitado num trenó, sempre com muita neve...
Este ano sagrado de 2006 marcará um novo passo em frente na nossa admirável civilização.
Até os mais distraídos já perceberam que o Natal começou em Novembro. Foi só trocar a abóbora do Halloween por um pinguim de barrete vermelho!
Mal se despiu a fantasia de bruxa começaram as provas da fatiota de Mãe Natal! E é comprar, meus senhores, é comprar, quanto mais cedo melhor!
É Natal! É Natal!! É Natal!!!
- Natal... já? Mas Jesus, o "Menino Jesus", não nasceu só em Dezembro?- pergunto eu.
E responde-me o Sindicato dos Banqueiros, a Cooperativa dos Hipermercados, a Comissão dos Dependentes do Negócio dos Brinquedos ou o Porta-Voz dos Vendedores de Luzinhas:
- Ouve lá, ó Anjolas, que história é essa de "Menino Jesus"?...
Deixa-te de merdas, e não estragues o negócio!