08 junho 2007

O Meu Silêncio e a Voz de Gal Costa

SILÊNCIO E GAL GOSTA

Poderia falar do concurso para professor titular, que me rouba, literalmente, 2/3 da minha existência.

Poderia escrever da minha felicidade, da minha ingrata condição de professora injustiçada, e da minha frustrante e próxima condição de ex-futura candidata, quem sabe se assim titulada para a eternidade.

Poderia dissertar sobre o que significa para mim ser professora, e não vendedora de aulas.

Poderia.

Mas decidi que não vou gastar nem um milésimo da minha energia.
Reclamo para mim o direito ao silêncio das vítimas.

Proclamo a minha rendição ao concerto de Gal Costa, no Coliseu.

Com aquela voz, agora menos aguda, mas agradavelmente mais madura, Gal Costa é uma "professora titular" da música, que o Brasil e o mundo reconhece na excelência dos grandes.

Nos últimos anos, Gal reduziu um pouco a sua actividade, para ressurgir em 2006, segura e serena, madura e doce.

A sorte de Gal é não ser professora, porque, sem discos nos últimos anos, se fosse docente estava já na prateleira dos miseráveis inúteis e dos incompetentes desleixados!

04 junho 2007

André Sardet ao vivo - Que Gelo!!!

UMA COISA CHAMADA ANDRÉ SARDET

Foi ontem à noite, na Santiagro/2007.

Noite de Verão, e de ambiente espectacular, para uma cronometrada hora de espectáculo... com 15 minutos de versões!

Então, o homem tem vários CDs gravados e não consegue arranjar músicas dele para encher um concerto? Tem de socorrer-se do Variações, dos Trovante e dos Heróis do Mar (raros momentos em que aqueceu a plateia)?

E não é capaz de arranjar nada diferente para cantar, no "encore", sem ser a repetição de um tema já cantado?

E aqueles arranjos, frios, competentes, é certo, mas frios?

E aqueles músicos, e as coristas, distantes, cada qual "na sua", aparentemente tocando para eles, esquecidos de que estavam ali milhares de pessoas?

Faltou calor, cumplicidade, maturidade na relação com o público.

Pedir que se acendessem isqueiros e que se erguessem telemóveis (???), para acompanhar uma música, pareceu-me a cereja em cima do bolo da foleirada, para já não falar nas referências lamechas ao desaparecimento da criança inglesa...

Sinceramente, não esperava que fosse tão mau, eu que estive mesmo à beirinha de me deslocar a Lisboa, de propósito para o concerto...

Pensava eu que gostava de André Sardet...