SILÊNCIO E GAL GOSTA
Poderia falar do concurso para professor titular, que me rouba, literalmente, 2/3 da minha existência.
Poderia escrever da minha felicidade, da minha ingrata condição de professora injustiçada, e da minha frustrante e próxima condição de ex-futura candidata, quem sabe se assim titulada para a eternidade.Poderia dissertar sobre o que significa para mim ser professora, e não vendedora de aulas.
Poderia.
Mas decidi que não vou gastar nem um milésimo da minha energia.
Reclamo para mim o direito ao silêncio das vítimas.
Proclamo a minha rendição ao concerto de Gal Costa, no Coliseu.
Com aquela voz, agora menos aguda, mas agradavelmente mais madura, Gal Costa é uma "professora titular" da música, que o Brasil e o mundo reconhece na excelência dos grandes.
Nos últimos anos, Gal reduziu um pouco a sua actividade, para ressurgir em 2006, segura e serena, madura e doce.
A sorte de Gal é não ser professora, porque, sem discos nos últimos anos, se fosse docente estava já na prateleira dos miseráveis inúteis e dos incompetentes desleixados!
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