TEORIAS DA EDUCAÇÃO E OUTRAS
(ou um final de dia em fúria)
Sete da tarde e ainda 33º em Lisboa. Arrastadamente, entramos para o cacilheiro que em 10 minutos nos põe do outro lado, onde apanharemos um autocarro que nos há-de deixar perto de casa.
Aqueles 10 minutos dão para muita coisa, sempre à vontade do freguês: dormir, ler, actualizar a agenda, dormir, fazer a catarse do dia com o colega que nos acompanha, falar ao telemóvel, dormir, apreciar o rio, dormir...
Ontem não deu para nada disto. Uma mãe lutou, durante os 10 minutos da viagem, com a birra de um filho que gritou a plenos pulmões, como se não houvesse amanhã.
Quem tentava ler, suspirou, quem falava ao telemóvel repetiu "não ouço, 'tá aqui um puto a fazer birra", quem tentava dormir teve pesadelos.
E eis que logo ali surgiram as melhores teorias da educação, ao estilo "se fosse no meu tempo, tu ias ver", "está a precisar é de uma palmada", "não é a bater que se resolve a situação, isso era dantes", "fazem-lhe as vontades e depois dá nisto" e (a minha favorita) "deixa-o berrar, que ele logo se cansa"... Quando o barco atracou, tenho cá para mim que todos rezávamos baixinho para que a criança não tivesse como destino o mesmo autocarro que nós.
Quanto a mim, Deus atendeu as minhas preces, mas para me castigar logo de seguida com uma viagem de mais 20 minutos novamente aos berros e sucessivas paragens, fruto de uma discussão entre o motorista e um passageiro que insistia em ofendê-lo porque ele era brasileiro.
Mais uma vez se ouviram comentários e opiniões para todos os gostos. Uma coisa é certa, parece que fado, futebol e Fátima já não chegam para acalmar as hostes, a malta quer é ver sangue!
O texto que acaba de ler é da autoria de QI Baixo.
QI Baixo colabora com o Assobio, e escreve neste blog quando pode e quer.
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