A IMENSIDÃO DE UMA DESCULPA
Ultimamente dei por mim a reparar que as pessoas pedem quase sempre imensa desculpa (isto no caso das pessoas que pedem desculpa).
E é engraçado notar que o fazem nos contextos mais díspares, a propósito de tudo e de nada, mas ainda assim sempre com a mesma convicção. Vejamos: "Peço imensa desculpa, não tinha reparado que a informação já vinha na carta", ao estilo estou-me nas tintas para ter o rabalho de ler, explica-me lá tu ao telefone; "Peço imensa desculpa pelo atraso", género nunca ninguém chega a horas e logo hoje fui eu apanhado; "Peço imensa desculpa, fui só ali ao multibanco", como que a dizer estava eu tão bem com o carrinho em segunda fila e tu lembras-te de querer sair com o teu; "Pisei-o! Peço imensa desculpa!", tipo bem feito, não estivesses de pezinho esticado.
Se for usado como advérbio de quantidade, servirá para quê, aqui? (é que acho que é mesmo nesse sentido que muita gente usa a expressão, assim como quem pede muita desculpa). Pedir desculpa em quantidade, ainda que não em qualidade, provocará no receptor alguma espécie de condescendência maior? e condescender é desculpar? ou é só abrir portas a mais desculpas?
Estou baralhada... pessoalmente, costumo usar a forma verbal, sozinha e sem floreados, mantendo sempre presente o dito que ouvi em tempos: as desculpas não se pedem, evitam-se.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Dê o seu Assobiozinho! Faça um comentário.