16 janeiro 2020

Perdi um Mestre

ANTÓNIO URBANO,
PROFESSOR E MESTRE


Conheci-te nos meus inexperientes 21 anos, quando cheguei à nossa escola. Eras tu já o respeitado e experiente senhor professor Urbano, calejado e sábio, observador e sério, calmo, e de matreirinho sorriso sedutor.

Depressa te admirei, pelo respeito que incutias e pela forma como, naturalmente, te pautavas, tu próprio, pelo respeito pelo outro.
Depressa me encantei pela tua imensa cultura, e pela forma discreta como generosamente a partilhavas.

Mostraste-me quão importante é cuidar a solidez do nosso conhecimento, e que não é por falarmos mais alto que temos mais razão, e que não é por vestirmos sete saias de sapiência e calçarmos 10 cm de sobranceria que sabemos mais.

Quando dois anos depois decidiste assumir a presidência do Conselho Directivo, levaste-me pela mão para a minha primeira experiência em gestão escolar. E ensinaste-me muito, muito, muito.

Quando o muro da nossa escola caiu, ajudaste-me a perceber que há muros invisíveis que nunca querem cair, mas que não há mal em ser D. Quixote, e querer derrubá-los, que sonhar faz parte, e faz falta.

Mostraste-me que livre arbítrio é escolhermos caminhos de princípios, de brio, de discrição, de saberes e de afectos.

Quando dei por isso, já me tinhas deixado juntar ao Mestre um Amigo.

"Cresceste-me".
Pelas melhores de todas as razões, marcaste-te em mim.

Não estou segura de ter estado, sequer de estar, à altura ...
Mas, agora, hoje, precisamente hoje, tenho a grata e absoluta certeza de que nunca me desaparecerás.

E é este o imenso, inabalável e consolador privilégio de ter-te conhecido.

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