Tenho andado a pensar umas coisas, e a achar que anda gente a querer fazer-me o ninho atrás da orelha. Nessas suspeições pensadeiras, ocorreu-me, por exemplo, que
- O caso Costa-Benfica nunca deveria ter existido. Como existiu, estava condenado a acabar de forma vergonhosa, degradante e promíscua, tal como começou.
- Marcelo celebrou o aniversário do SNS, falou da sua importância e disse-se orgulhoso por ter sido membro da Assembleia Constituinte em que o projecto de António Arnaut foi aprovado. Esqueceu-se de dizer que ele, Marcelo, votou contra esse embrião do Serviço Nacional de Saúde, ou seja, que por sua vontade o SNS nunca teria sido criado.
Este é Marcelo, um político que faz contorcionismo para agradar à esquerda e ser
reeleito por ela, sem a mais leve intenção de deixar de ser e agir como homem de
direita que tem todo o direito de ser.
Reconheço no actual PR a inteligência superior e a argúcia, mas não gosto quando
se arma em Chico-Esperto e me toma por burra e totó.
- Se o PS não assumir apoio explícito a Ana Gomes ou, em alternativa, não apresentar candidato próprio, estará implicitamente a apoiar Marcelo, candidato da área política contra a qual concorre nas eleições legislativas. Teremos então um partido que governa procurando apoios à esquerda para aprovar orçamentos de Estado, mas que faz pirueta à direita para eleger o Presidente da República da direita. Robusta e nobre coerência!...
- Ainda bem que, à esquerda, já há 3 candidatos à PR, gente séria e credível, que está na política com sentido de serviço público. Acho muito bem e bom que assim seja. É que com tanto equilibrista, malabarista e contorcionista, estava a ver que o papel destinado a esta simples eleitora era o de bobo da corte ou de apanha-bolas do Benfica (meu clube de sempre, calma aí...). Assim, já a minha liberdade de pensamento escolheu em consciência uma candidata, tenazmente competente, às vezes contundente e impertinente, às vezes "dissidente", resistente, divergente, mas democraticamente transparente.
Eu bem vos disse que andei a pensar umas coisas.
Não me condenem por não querer ser bobo da corte, nem apanha-bolas.
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