22 dezembro 2006

11 dezembro 2006

Teimosias

 Aconteceu de repente, sem perturbação.

De súbito, ela levantou-se: queria que eu a deixasse sair, que lhe marcasse falta, pouco importava; o importante era sair.
Eu quis que ela continuasse na aula, sem lhe marcar falta; o importante era que não saísse.
Ela levantou-se e dirigiu-se à porta, insistente no desejo de ir embora.
Eu encostei-me à porta, pedindo-lhe para ficar. Não me apetecia sabê-la lá fora. Achava-a mais livre ficando na sala de aula.
A ela, não lhe interessava continuar ali dentro, no espaço de todos os limites. E continuava a pedir, a pedir, a pedir.

Protagonizámos um dos frente-a-frente mais caricatos e absurdos que alguma vez uma aula minha presenciou, ambas cordiais mas irredutíveis na teimosia, sem ceder, mas com respeito.
A aula prosseguiu, desajeitada, meio engasgada. Quando tocou para sair, ela ainda lá estava. De pé, como as árvores. E eu também, porta dialogante diante da porta muda, fechadura de alta segurança, mãe providência, gaja até fixe mas muiiiita chata.

Fiquei o resto do dia a assobiar baixinho e a lembrar-me de M., um aluno meio lunático, meio furor de Álvaro de Campos, que me disse uma vez que a minha paciência tinha limites próximos do infinito.
Amainou-me a recordação de um tempo em que os alunos sem favor iam às aulas, sem favor estudavam e sem favor até gostavam.
Apesar de tudo, acordarei amanhã e continuarei a gostar disto. É certo que assim será. Ainda que desgastantes, estas vivências têm o condão de me revigorar !

06 dezembro 2006

Assalto à Fortaleza de Esferovite

 Hoje, a Secundária Manuel da Fonseca, em Cerromaior, esteve fechada, porque foi assaltada durante a noite.

Quem entrou, devia saber ao que ia.
Os novos computadores portáteis são petisco que não se encontra todos os dias, e que recentemente tem atraído larápios a várias escolas! Mas não levaram os nossos! Espalharam papéis, abriram armários, arrombaram o cofre, revoltaram Clubes e salas, entraram em gabinetes, espreitaram até no sótão, mas não os encontraram!
Felizmente, não tocaram nas árvores de Natal nem nas bancas do Mercado (era hoje o Grande Mercado de Natal e a inauguração da exposição-concurso de Árvores de Natal). Mas entraram e serviram-se, sem dificuldade, certamente por saberem que ninguém os poderia atrapalhar ou sequer ouvir... Beberam iogurtes, levaram chocolates, algum dinheiro, e algum valioso e moderno equipamento de vídeo, que custou muito a comprar...
Num espaço onde parece que o guarda-nocturno só está entre as seis da manhã e o meio-dia, o que os terá impedido de continuar a roubar/procurar?

03 dezembro 2006

Espectáculos

 O TACA (Teatro Amador de Cercal do Alentejo) estreou este fim-de-semana mais um espectáculo de revista , em duas sessões que a população da vila muito rapidamente esgotou.

"É o Fim da Macacada!" foram mais de 3 horas de sketchs de crítica social e política à vida local e nacional, com um humor umas vezes certeiro outras brejeiro, como é próprio deste género teatral; a par do teatro, o espectáculo apresenta alguns momentos musicais de boa qualidade, com um número de canto lírico, porque o TACA está atento aos novos valores da terra.
Foi um serão muito bem passado, numa vila onde pouco ou nada acontece, e em que o TACA, desde há 34 anos, não tem deixado de ser a voz crítica e atenta que agita e anima as consciências e ocupa os tempos livres da juventude da terra, sempre sob a direcção artística de um José Luís irreverente, muitas vezes provocador e sempre talentoso.
A última apresentação da revista, como é tradição do grupo, está a ser oferecida neste fim de tarde de domingo à terceira idade.

Também a Sociedade Harmonia (a mais velha colectividade do país) comemorou esta semana mais um aniversário, apresentando uma amostra das várias actividades que ali se desenvolvem. O Coral Harmonia, cada vez mais sólido, cada vez mais solto e contagiante, brilhou de novo, e aguçou o apetite para o que há-de vir a ser o Concerto de Natal, na Igreja Matriz de Cerromaior, lá para o fim do mês.
http://www.coralharmonia.net

Mais espectáculo houve, com o Coral da Santa Casa da Misericódia de Santiago do Cacém, esta tarde, na Igreja de Cercal do Alentejo; uma hora de canções, para um concerto de Natal cheio de gente e de calor humano, porque a música não deixa de ser um grande tempero do espírito.