FIM DE CICLO
Esta noite depositei no cemitério de mim os últimos dois anos de vida.
Sem lágrimas.
Quando demoramos demasiado tempo a enterrar os mortos, o cansaço de sofrer deixa exausta a própria dor.
Fica um pó de tristeza resignada. Não há vida, por mais viva e vivida, que resista à morte.
Lembrar-me-ei de mim, dos dias, das noites e dos anos?
Não preciso de me lembrar de mim.
Derramo sobre o tempo amassado a terra seca.
Basta que o pó ajude a conservar-me.
E que, mais tarde, a minha força me desperte e sacuda.
Então, agitarei os panos brancos e desenharei claves de sol na minha tristeza.
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