19 julho 2011

Fim de Ciclo

FIM DE CICLO


Esta noite depositei no cemitério de mim os últimos dois anos de vida.

Sem lágrimas.

Quando demoramos demasiado tempo a enterrar os mortos, o cansaço de sofrer deixa exausta a própria dor.

Fica um pó de tristeza resignada. Não há vida, por mais viva e vivida, que resista à morte.

Lembrar-me-ei de mim, dos dias, das noites e dos anos?

Não preciso de me lembrar de mim.

Derramo sobre o tempo amassado a terra seca.

Basta que o pó ajude a conservar-me.

E que, mais tarde, a minha força me desperte e sacuda.

Então, agitarei os panos brancos e desenharei claves de sol na minha tristeza.

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