Contra o branqueamento do regime derrubado em 1974
Há momentos em que me apetece avivar a memória de quem acha que "dantes" é que era bom.
Estamos num tempo de branqueamento do salazarismo e do Estado Novo, pelo que importa que nos confrontemos com factos e leis do passado, que não têm branqueamento nem defesa possível, nem cabem num Estado de Direito.
Éramos um país atrasado, o regime era retrógrado e repressivo, e as mulheres eram seres inferiores, destinados a ter filhos e a educá-los, a ser boas esposas e a obedecer aos maridos. Nenhum papel público estava previsto para mulheres. Nem as escolas secundárias as desejavam, muito menos as universidades.
Só nos anos 60 sopraram alguns ventos de mudança, e os "liceus" passaram a ter, também , muitas raparigas.
Houve excepções? Houve, claro! Mas foram tão poucas que só confirmam a regra então vigente, que visava afastar as mulheres de uma instrução que servia para preparar elites para o acesso ao poder.
Se é incomodativo que ainda hoje encontremos tantos resquícios de uma mentalidade e de uma educação que o regime fez entranhar em várias gerações, mais incomodativo é que alguns nos pretendam convencer de que estávamos melhor há 60 ou 70 anos.
As ditaduras só se instalam por acomodamento e condescendência dos povos.
O que está a acontecer politicamente em Portugal não pode deixar de me preocupar, enquanto cidadã e mulher cuja liberdade actual e cujos direitos resultam, precisamente, do derrube do regime que alguns hoje consideram melhor do que o actual.
Siga a link abaixo, para aceder a dez das muitas proibições do Estado Novo.
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