Sala de espera de um hospital.
Dois professores de uma mesma escola aguardam a sua vez.Ele disserta sobre o seu profissionalismo, a qualidade das suas aulas... Fala muito alto, talvez por deformação profissional, como se estivesse perante uma turma, ou então por necessidade de afirmação, como se todos tivessem de saber...
Ela, mais contida, mais discreta, quer trocar impressões sobre os problemas de um aluno. Não tem sorte nenhuma!
Ele está noutra. Fanfarrão, volta à carga: as disciplinas difíceis e muito trabalhosas que ensina, os materiais que tem de preparar...
Ela insiste ainda no assunto do miúdo, quer contar-lhe dos contactos com a família, com os Serviços de Psicologia da Escola, com o Delegado de Saúde... Azar!...
Ele continua... alto e bom som: a visita que organizou, os papéis que preencheu...
À volta, todas as conversas tinham cessado, mortas pela pujança de tão competentes cordas vocais.
A um cantinho, não pude deixar de pensar que para um professor como ele os alunos não têm problemas, talvez porque um professor como ela ajude a resolvê-los.
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