19 agosto 2020
18 agosto 2020
Geração à Rasca - A nossa Culpa: História de uma Publicação Viral
"Geração à Rasca - A Nossa Culpa"
História de uma publicação viral e de uma usurpação de autoria
Nessa época, o Assobio tinha muitos seguidores, o texto foi também divulgado no Facebook, e rapidamente se tornou viral, muito também graças à divulgação por mail.
"Geração à Rasca - a Nossa Culpa" era uma análise polémica aos factos, à época recentes, quando os jovens preparavam manifestações nacionais de protesto contra as condições que o país (não) lhes proporcionava. O texto original pode ser lido aqui.
De repente, sem que eu nada fizesse para que isso acontecesse, aquela prosa que escrevi e que eu mesma editei apareceu atribuída a Mia Couto.
Nos dias seguintes, dediquei-me a procurar o texto na web. Encontrei-o publicado em dezenas de blogues (não estou a exagerar!). Encontrei-o reproduzido tal e qual. Encontrei-o com erros. Encontrei-o amputado. Até a primeira frase surgia quase sempre com um erro grave. Em vez de "Um dia isto tinha de acontecer", que eu escrevera, surgia "Um dia isto tinha que acontecer"...
Fiquei por não ter vida. Quanto mais vezes encontrava o texto, mais incomodada me sentia.
Dei-me ao trabalho de escrever comentários em todos os blogues onde o encontrei, deixando o link para o original, como no exemplo abaixo:
O próprio Mia Couto deixou um comentário no Assobio Rebelde, a demarcar-se do texto!
José Eduardo Agualusa, porta-voz de Mia Couto em Portugal, usou as redes sociais e a imprensa, logo a 18 de março de 2011, para dissociar Mia Couto do meu texto:
No meu blogue, a 21 de março de 2011, insurgi-me contra o facto de estar a ser injustamente acusada de roubar a Mia Couto uma coisa que ele negava ter escrito.
Kafka teria gostado deste processo!
Apesar de todos estes esforços para repor a verdade, e contra a vontade dos dois lesados, a publicação continuou a surgir, atribuída ao escritor moçambicano.
Dois anos depois, em 2013, o texto continuava a aparecer, e na página oficial de Facebook do escritor, surgiu esta publicação:
O caso atingiu tais proporções que um dos primeiros blogues que em Portugal se dedicou à literacia digital, de seu nome "Sobre Literacia Digital" , se debruçou sobre o assunto, num longo e muito instrutivo post.
É graças a ele que consegui recuperar o comentário que Mia Couto me deixou, no Assobio Rebelde:
Cheguei a ser insultada por chamar meu a um texto de Mia Couto...
Fui acusada de lhe ter propositadamente atribuído o meu texto para com isso conseguir projecção...
Infelizmente, pelas razões que expliquei aqui no blog, perdi todos os comentários às publicações originais da primeira edição (até 2013).
Escrevo sobre estas peripécias, em 2020, porque o devia a mim própria, e aos leitores do blogue. Os factos estão comprovados, são indesmentíveis, mas faltava esta retrospectiva.
Descobri, através deste caso, que um nome pode valer muito mais do que um texto! O texto era o meu, mas atribuído a Mia Couto, ganhou de facto mais valor para muita gente...
No entanto, não estou agradecida a quem o fez (continuo sem saber quem foi...) nem feliz por isso.
Foi-me possível, na altura, remontar à publicação original. Bastou abrir todos os links resultantes da busca no Google, e ver as datas em que apareceram publicados, para verificar que não havia nenhuma mais antiga que a minha. Não podia haver, visto que a minha era inédita!
Escrevo sobre este assunto, hoje, passados nove anos, também porque sinto que cada vez mais as redes sociais são uma selva onde tudo se rouba e tudo se (re)publica, sem respeito por autores e pela sua obra, seja ela textual, fotográfica, videográfica ou fonográfica.
As redes sociais são espaços onde, virtualmente, as pessoas fazem e dizem aquilo que não seriam capazes de fazer e dizer "olhos nos olhos", mas em que revelam a verdadeira essência do seu carácter, como se pode ver por um outro episódio em que me vi recentemente envolvida, de forma involuntária e a contragosto.
Um membro de um grupo de que sou co-administradora numa rede social acusou-me de ter suprimido uma sua recente publicação; depois de me insultar, e de tentar denegrir-me, abandonou o grupo, certamente consciente de que com esse abandono desapareceria toda a sua pegada digital, o que efectivamente acontece.
Felizmente, o Facebook regista automaticamente a acção dos administradores relativamente a todos os membros de um grupo. E eu já tinha acedido a todo o registo relacionado com o membro em questão, do qual fiz print-screens, com que pude comprovar a calúnia.
Considero que estes dois casos demonstram quanto as redes sociais e a web nos tornam vulneráveis, e como podemos facilmente ser vítimas de má-fé e de intenções insondáveis, por parte de desconhecidos ou de quem menos esperamos.
Esta é a actual realidade das redes sociais, nuns casos por desconhecimento e iliteracia digital, noutros (os que nos devem, verdadeiramente preocupar!) por atropelo consciente e propositado aos mais elementares princípios de ética e de cidadania digital.
Por tudo isto, ponderei muito seriamente abandonar por completo as redes sociais.
Decidi, desde logo, que a minha presença num grupo em regime de responsabilidade partilhada tem os dias contados e data de enterro marcada.
Mas, individualmente, optei por resistir, ciente de que ninguém está protegido contra ataques e tentativas de vilipêndio.
Mantenho o meu perfil pessoal de Facebook e o meu canal de YouTube.
E talvez dê à rede outro projecto.
Continuarei, pois, tal como até agora, direitinha que nem um fuso, porque o que não me consegue calar torna-me ainda mais refilona.
Move-me a convicção de que não é fugindo desta torrente de lama que ela deixará de fazer estragos. É encarando-a de frente e, sempre que possível e necessário, denunciar-lhe as manhas, os abusos e as doenças de que enferma.
Dizem que "uma andorinha não faz a Primavera", mas o seu chilrear é único, e gosto de vê-la voar.
Não a troco por um céu povoado pela negritude de melros e corvos, por mais sonoro e afinado que pareça o seu grasnar.
Em 2020, faz ainda mais sentido para mim que o Assobio seja Rebelde.
17 agosto 2020
O "Novo" Assobio
O RENASCER DO ASSOBIO
Ao longo dos anos, teve momentos de silêncio e períodos de maior actividade.
Em 2011, o assobiorebelde.blogspot.com protagonizou uma das mais estranhas polémicas das redes sociais, com
A publicação de "Geração à Rasca - A Nossa Culpa"
Foi a 09 de março de 2011 que redigi e publiquei o texto "Geração à Rasca - A Nossa Culpa".
O texto tornou-se virtual, na blogosfera e no Facebook e, de um momento para o outro, do nada, apareceu atribuído a Mia Couto.
Eu própria cheguei a receber o texto, por mail, como se fosse do autor moçambicano! E ainda hoje, de vez em quando, volta a aparecer nas redes sociais, sempre erradamente atribuído.
Noutra publicação, traçarei a história das peripécias e acontecimentos em torno do meu "Geração à Rasca - A Nossa Culpa".
Agora, é da história do Assobio Rebelde que se trata.
Assobio Adormecido = Assobio Apagado
Quando, há uns meses atrás, saturada de Facebooks e afins, me apeteceu retomar as Assobiadelas, não consegui aceder ao blogue. Tinha simplesmente desaparecido. Nem como leitora nem acedendo com as credenciais do Blogger lá consegui voltar.
Em vão, fiz apelo ao Blogger para recuperar o acesso e o próprio blogue.
Percebi depois que a supressão do Assobio tinha a ver com o facto de estar inicialmente associado a um endereço de mail que não era Gmail.
Quando consultei esse meu endereço de correio, da concorrência, constatei que, de facto, tinha em tempos sido notificada para proceder à alteração do mail, sob pena de encerramento do "Assobio". Foi mais um estratagema da Google para agregar tudo sob a sua alçada. E assim descobri que era tarde. O meu Assobio estava irremediavelmente perdido.
Para cúmulo, nunca tive o hábito de guardar no computador as publicações que fazia, e que redigia directamente no Blogger...
Após muitas peripécias, e tentativas falhadas junto do próprio Blogger, consegui aceder a dois backups automáticos, e assim recuperar a maioria das publicações. Faltam as primeiras e faltam as últimas. Menos mal.
Mas nada mais recuperei. Perdi todos os comentários, bem como o histórico de visitas, e todas as aplicações e dados associados, bem como toda a restante informação do blogue.
Assobiorebelde morto = Assobio-rebelde (Re)nascido
Restava-me começar do zero.
Naturalmente, tentei criar um AssobioRebelde.blogspot.com, mas o Blogger informou-me que o endereço não está disponível, porque já existe um blogue com esse nome, que por acaso é o meu, e ao qual o Blogger não me deixa aceder. Estranho, mas definitivo.
Nasceu assim este assobio-rebelde.blogspot.com
Nasceu assim este assobio-rebelde.blogspot.com
Assobio-Rebelde: Que sentido um blog, no séc. XXI?
Estou cansada do imediatismo cerebral do Facebook, do minimalismo do Instagram, das restrições do Twitter.
Apetece-me poder escrever textos mais longos, textos-textos, que não precisam de usar imagens como isco. Textos que se deixem ler pelo que valem.
Voltarei sempre que mo ditar o quotidiano e mo permitir o tempo, fiel aos meus pensamentos e à recusa do "Novo" Acordo Ortográfico.
Evidentemente, "modernidade obriga", os textos serão partilhados no meu Facebook, e possivelmente noutras redes sociais, se me apetecer.
Os leitores do blogue poderão também, se quiserem, partilhá-los directamente no Facebook, sem dificuldade nenhuma.
E posto isto, bem vindos, todos, ao Assobio Rebelde!
Se gostarem do que lêem, sigam o blogue, para não perderem novas publicações.
Estou cansada do imediatismo cerebral do Facebook, do minimalismo do Instagram, das restrições do Twitter.
Voltarei sempre que mo ditar o quotidiano e mo permitir o tempo, fiel aos meus pensamentos e à recusa do "Novo" Acordo Ortográfico.
Evidentemente, "modernidade obriga", os textos serão partilhados no meu Facebook, e possivelmente noutras redes sociais, se me apetecer.
Se gostarem do que lêem, sigam o blogue, para não perderem novas publicações.
16 agosto 2020
10 Proibições de Salazar - contra o branqueamento do regime derrubado em 1974
Contra o branqueamento do regime derrubado em 1974
Estamos num tempo de branqueamento do salazarismo e do Estado Novo, pelo que importa que nos confrontemos com factos e leis do passado, que não têm branqueamento nem defesa possível, nem cabem num Estado de Direito.
Éramos um país atrasado, o regime era retrógrado e repressivo, e as mulheres eram seres inferiores, destinados a ter filhos e a educá-los, a ser boas esposas e a obedecer aos maridos. Nenhum papel público estava previsto para mulheres. Nem as escolas secundárias as desejavam, muito menos as universidades.
Só nos anos 60 sopraram alguns ventos de mudança, e os "liceus" passaram a ter, também , muitas raparigas.
Houve excepções? Houve, claro! Mas foram tão poucas que só confirmam a regra então vigente, que visava afastar as mulheres de uma instrução que servia para preparar elites para o acesso ao poder.
Se é incomodativo que ainda hoje encontremos tantos resquícios de uma mentalidade e de uma educação que o regime fez entranhar em várias gerações, mais incomodativo é que alguns nos pretendam convencer de que estávamos melhor há 60 ou 70 anos.
As ditaduras só se instalam por acomodamento e condescendência dos povos.
O que está a acontecer politicamente em Portugal não pode deixar de me preocupar, enquanto cidadã e mulher cuja liberdade actual e cujos direitos resultam, precisamente, do derrube do regime que alguns hoje consideram melhor do que o actual.
Siga a link abaixo, para aceder a dez das muitas proibições do Estado Novo.
12 agosto 2020
Leitura de Verão - Uma Fábula de Esopo, em Versão Livre
Fábula de Esopo, em Versão Livre
Uma raposa esfomeada
entrou numa vinha e invejou uns belos cachos de uvas pretas, enormes e
suculentos, a brilhar no alto de uma parreira.
Achou que ia ter um belo repasto
mas, por mais que tentasse, não conseguiu alcançar as uvas.
Irritada, frustrada,
impotente, afastou-se da vinha, dizendo:
“ Quem quiser estas
uvas, que as coma! Estão verdes e são azedas. Mesmo que mas dessem, eu não as
comeria!”
Digam lá que a fábula não tem atualidade?
Pois se anda tanta gente neste país a desprezar o que não consegue conquistar...
11 agosto 2020
Cristina Ferreira e a Cegueira da Solidariedade Feminina
Cristina Ferreira de Volta à TVi
e a Solidariedade Feminina
Tenho visto muita mulher defender incondicionalmente Cristina Ferreira em nome de uma espécie de solidariedade feminina, que me parece perigosamente cega e surda.Finalmente, encontro uma que chama os bois pelos nomes: quer se trate de mulheres ou de homens, os fins não justificam os meios.
01 agosto 2020
O Assalto ao Facebook
O assalto da extrema-direita ao Facebook
Desde há uns três meses, tenho pessoalmente recebido (e ignorado) pedidos de amizade de estranhos.
Como co-administradora de um grupo, também vejo muitos "desconhecidos" a pedir adesão, sem qualquer ligação aparente à temática do grupo ou a outros membros.
Por princípio, não aceitamos novos membros sem perceber minimamente quem são, através da informação disponível.
E o que se descobre sobre essa "pessoa"?
- tem um banal apelido português (como Jose Sousa), frequentemente inglês, às vezes de origem africana;
- apresenta uma residência no estrangeiro ou em Lisboa;
- tem fotografia de perfil, insuspeita, mas "roubada" (de um actor, de um modelo, ou roubada num site ou a outro perfil.
- tem pouquíssimos "amigos" ou mesmo nenhum;
- tem muito pouco ou nada publicado na sua página pessoal;
- é membro de dezenas, às vezes de mais de cem grupos.
Um pouco mais de atenção, e vemos que entre os muitos grupos de que é membro pode aparecer um ligado ao dito partido ou ao seu líder.
Nenhum destes falsos perfis foi aceite neste Grupo, mas, a avaliar pelos que já integram, entraram em muitos outros.
Ora eu não acredito que as centenas de grupos de Facebook que existem no nosso país estejam conscientemente a acolher adeptos do "Chega".
Então, porque é que isto acontece?
1. Muitos administradores de grupos são-no por carolice, e não têm tempo para exercer maior supervisão sobre o grupo, tarefa exigente e demorada, mas necessária, precisamente para controlar situações desta natureza.
2. Muitos administradores estão tão interessados em ver crescer o seu grupo que qualquer novo membro é bem vindo.
3. Há administradores de grupo que não têm suficiente domínio sobre as funcionalidades de gestão do grupo para poder usar e tirar partido de tudo o que têm ao seu dispor.
Por enquanto, estes perfis estão silenciosos. Não têm qualquer interacção com os grupos, nem um simples "Gosto" numa publicação.
E quando desatarem a publicar propaganda política nas centenas de grupos em que se infiltraram, e em que, como membros, são livres de publicar o que lhes apetecer?
Se e quando isso acontecer, os administradores vão ser ultrapassados pela onda de publicações e não conseguirão eliminá-las em tempo útil, a não ser que as submetam a aprovação prévia, coisa que, de boa-fé, a maior parte não faz.
A estratégia tem tanto de hábil quanto de repugnante.
Quem julgar que isto é coisa menor, redes sociais, que não interessa, e que não tem qualquer impacto na sociedade, engana-se.
Há centenas de grupos com largos milhares de membros que vão ser bombardeados com a mensagem política do Chega, a custo zero, e sem qualquer controle nem regras.
Os partidos políticos sabem bem a força e o impacto das redes sociais.
Não é por acaso que vão aparecendo grupos simpáticos e apelativos que, sob uma aparência insuspeita, escondem intenções político-partidárias, mantidas em segredo e que podem até nunca serem reveladas.
Surgem para que os seus mentores alcancem a popularidade, a proximidade e a credibilidade de que precisam (e que nunca conseguiriam de outra forma) para se apresentarem a eleições ou para promoverem candidaturas políticas.
Tudo isto faz com que equacione seriamente afastar-me deste universo em que, sob aparência de espontaneidade e de autenticidade, se escondem maquiavélicas intenções de promoção de interesses políticos e/ou pessoais.
E tudo isto me dá que pensar.
A vocês, não?...
Assobiadelas de Sucesso
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