O que eu espero, não vem.
Mas ficas tu, leitor, encarregado
De receber o sonho.
Abre-lhe os braços, como se chegasse
O teu pai, do Brasil,
A tua mãe, do céu,
O teu melhor amigo, da cadeia.
Abre-lhe os braços como se quisesses
Abarcar toda a luz que te rodeia.
Não lhe perguntes por que tardou tanto.
E não chegou a tempo de me ver.
Uns têm a sina de sonhar a vida,
Outros de a colher.
Miguel Torga
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Somos um país que não somos.
Queríamos ser outro, não pelo que valemos no quotidiano, mas através de uma equipa de futebol.
Infelizmente, quando se acaba a esperança do futebol, ficamos só nós, só o que somos.
Os emigrantes portugueses em França perceberam isso há muito tempo, e é deles que tenho pena.
Deles, e dos milhares de outros que, mundo fora, convivem todos os dias com o estigma e com a humilhação, e todos os dias têm de provar, pelo trabalho e pela dignidade, que são melhores do que o rótulo que lhes vai colado à testa.
Na Conferência de Imprensa, Scolari tocou na ferida.
Ser português não devia ser uma fatalidade.
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