10 julho 2006

Cântico

O que eu espero, não vem.

Mas ficas tu, leitor, encarregado

De receber o sonho.

Abre-lhe os braços, como se chegasse

O teu pai, do Brasil,

A tua mãe, do céu,

O teu melhor amigo, da cadeia.

Abre-lhe os braços como se quisesses

Abarcar toda a luz que te rodeia.


Não lhe perguntes por que tardou tanto.

E não chegou a tempo de me ver.

Uns têm a sina de sonhar a vida,

Outros de a colher.

Miguel Torga

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Somos um país que não somos.

Queríamos ser outro, não pelo que valemos no quotidiano, mas através de uma equipa de futebol.

Infelizmente, quando se acaba a esperança do futebol, ficamos só nós, só o que somos.

Os emigrantes portugueses em França perceberam isso há muito tempo, e é deles que tenho pena.

Deles, e dos milhares de outros que, mundo fora, convivem todos os dias com o estigma e com a humilhação, e todos os dias têm de provar, pelo trabalho e pela dignidade, que são melhores do que o rótulo que lhes vai colado à testa.

Na Conferência de Imprensa, Scolari tocou na ferida.

Ser português não devia ser uma fatalidade.

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