28 fevereiro 2007

Crreira de Professor Titular... Pfffff...

 Nas escolas, o ambiente anda agitado. Só se ouve falar de pontos e de cargos e de cargos e de pontos. A proposta de regulamentação do acesso à carreira de professor titular domina as conversas, aquece os ânimos, inquieta os espíritos, irrita as pessoas, desmotiva os professores, mas no fundo continuamos a ser os mesmos "tontos" preocupados com o insucesso dos alunos e com os seus problemas familiares, com as doenças e com os planos de recuperação, enfim, com aquilo que verdadeiramente importa.

Talvez devêssemos deixar de preparar aulas, e de corrigir testes e trabalhos.
Talvez pudéssemos deixar de nos preocupar com a escola, e com a sua actividade.
Talvez não fosse mau conseguirmos esquecer tudo isso.
Afinal de contas, para o Ministério da Educação, o bom professor não é o das boas práticas pedagógicas, mas sim o que exerceu cargos (ainda por cima só nos últimos sete anos, porque o resto da vida não conta para nada!).
Bem vistas as coisas, para a tutela, o bom professor é apenas aquele que nunca falta.
Acontece que, nos últimos anos, os professores só podiam progredir na carreira se frequentassem acções de formação, realizadas quase sempre em horário coincidente com as aulas; para resolver este problema, o Ministério passou a considerar justificadas as faltas para formação. Agora, vem penalizar os professores por as terem dado.
Preso por ter cão e preso por não ter: se não fizessem a formação, não progrediam; fazendo a formação, progrediram, mas faltaram; tendo faltado, já não progridem.
Haja coerência!!!

26 fevereiro 2007

Campeonato Nacional da Língua Portuguesa - I

 A organização do Campeonato Nacional da Língua Portuguesa anunciou (por mail) aos professores que 7 de Março era a data limite para envio do 1º teste e, afinal, sem dar cavaco a ninguém, antecipou a coisa, apanhando desprevenidos professores e alunos. Quando demos por isso, já tinha acabado o prazo.

Digam lá se esta não é uma boa forma de eliminar muitos potenciais concorrentes? Parece-me até um belo exemplo do mais puro Chico-Espertismo lusitano!
Credibilidade, por onde andas?

25 fevereiro 2007

Insulto - I

 Tenho 22 anos de carreira docente.

Vou poder concorrer à carreira de professor titular.
Para isso, o Ministério da Educação exige que eu prove o que valho, mas quer avaliar-me apenas pelos últimos sete anos de carreira.
O que andei eu a fazer durante os outros 15?
Geri escolas? Orientei estágios? Dinamizei projectos? Fui isto ou aquilo?
Lixo!!! De nada me serve ter sido pau para toda a colher!
Para este Ministério, pelos vistos, os bons professores são só os que fizeram currículo nos últimos sete anos.
Não importa nada que eu tenha feito as mesmas coisas que outros só fizeram agora, porque para eles isso tem peso, mas para mim, não!
Considero-me insultada.
Vou comprar um amplificador para o meu assobio!

23 fevereiro 2007

Longe II - Zeca, Pá!

 Tanto Mar


Sei que estás em festa, pá

Fico contente
E enquanto estou ausente
Guarda um cravo para mim

Eu queria estar na festa, pá
Com a tua gente
E colher pessoalmente
Uma flor do teu jardim

Sei que há léguas a nos separar
Tanto mar, tanto mar
Sei também quanto é preciso, pá
Navegar, navegar

Lá faz primavera, pá
Cá estou doente
Manda urgentemente
Algum cheirinho de alecrim.

Chico Buarque

Porque a memória também é alecrim,
trago baixinho o poema,
e fica a homenagem,
de poeta para poeta,
entre Chico e Zeca.

20 fevereiro 2007

Hora H - Hermiséria

 Decididamente, Herman José...

Nas duas primeiras emissões da "Hora H", os dois ou três sketchs que valeram a pena só confirmam que o programa é mesmo muito fraquinho, feito de bonecos gastos e repetidos, com piadas(?) de baixo nível, e com uma propensão para descer mais fundo do que a telefonista que anda sempre de pantanas.
O Herman deveria consultar um psiquiatra, um psicanalista, sei lá, resolver o seu egocentrismo, o seu narcisismo ou os outros ismos, ou poderia aproveitar para fazer uns filmes X, qualquer coisa...
Deixava-nos em paz por uns tempos. Podia ir à vidinha dele, que ninguém levava a mal, e a maior parte nem sequer lhe dava pela falta.
Só tenho pena que Maria Rueff continue a auto-anular-se, aceitando uma tutela que a explora, mas que nunca a deixou voar alto, pois o "mestre" não suportaria que alguém o ofuscasse.
É certo que Rueff foi revelada por Herman e que lhe deve muito do seu crescimento como actriz. Talvez este tipo de carreira lhe seja confortável e cómodo, e talvez ela até nem se importe de ser a "muleta" do actor, mas custa ver tanto talento besuntado de alarvidade.
Rueff é a íris do olho com que Herman tem sido rei neste país ceguinho.

16 fevereiro 2007

Floribella no Carnaval de Sines

 Aviso à Navegação


No próximo fim-de-semana, uma nuvem de imbecilidade e parvoíce pairará sobre o Alentejo Litoral.
Altos estudos científicos atestarão da perigosidade desta personagem foleira, pirosa, pimba e kitch.
Dado o perigo de contaminação, e as graves sequelas que podem resultar do contacto com bactéria tão altamente poluente, recomenda-se que a população se mantenha afastada do desfile.
As crianças integram o mais frágil grupo de risco, pelo que se apela à vigilância dos pais: dêem-lhes gelados ou pipocas, levem-nas à Badoka ou ao cinema, passeiem no campo, fiquem em casa, façam o que quiserem, (por uma vez sem exemplo, até podem fazer-lhes as vontadinhas todas), mas NÃO as aproximem do perigo!
Perante aquela florzinha dondoca, as chaminés do Complexo de Sines tornar-se-ão até inofensivas. A poluição intelectual consegue ser muito pior que a ambiental, porque ataca directamente a inteligência!
Já me sai fumo negro dos ouvidos, só de pensar no assunto!...
Vou estar a trinta quilómetros.
Será seguro?
E se os meus alunos lá forem, em que estado irei encontrá-los na semana que vem?

O Aborto, Portugal e a Igreja Pós-Referendo

 A Conferência Episcopal Portuguesa reuniu, reflectiu, e ditou, pela boca de D. Carlos Azevedo, à RTP1, há pouco, em directo e ao vivo:

A vitória do "sim" significa uma "mutação cultural", que tem causas. Quais? Segundo o bispo,
"lacunas na formação da inteligência que o sistema educativo não prepara", assim como "fragilidades no processo evangelizador".
Repare-se: não é um problema de formação da opinião, nem de princípios, nem de valores, nem de consciência; nada disso! O problema é mesmo a "formação da inteligência". Por outras palavras, quem votou "sim" é burro?
Belo atestado de menoridade intelectual a dois milhões de pessoas!
Quanto às falhas "no processo evangelizador", devem ter a ver com os católicos que ignoraram as ameaças e os ditames de algumas missas de domingo, e votaram "sim", porque sim. Ou então têm a ver com os sacerdotes que tresmalharam do rebanho...
Que rico exemplo de tolerância e de humanismo! Que saber viver em democracia!

Tenho curiosidade de saber o que propõem os bispos para inverter esta perigosíssima "mutação cultural":
Aulas de Religião (Obviamente Católica) obrigatórias até ao 12º ano, 5 vezes por semana?
Retiro espiritual perpétuo para os padres "abortistas"?
E castigos corporais para todos os resistentes?

Por favor, deixem que os crentes sejam crentes... em paz!!!
Não se pode estar com Deus sem intermediários destes???O Aborto, Portugal, 

14 fevereiro 2007

S. Valentim na Escola

 Um marco de correio recebia, desde segunda-feira, as missivas amorosas dos alunos.

Hoje de manhã, as responsáveis abriram-no, seleccionaram a correspondência, e fizeram-na chegar às respectivas turmas.
Coube-me a distribuição num nono ano, com meia dúzia de contemplados.
Nestas missivas há de tudo, desde folhas soltas, mal rasgadas de um caderno qualquer, gatafunhadas à pressa, com um aspecto horrível mas com uma mensagem original e sentida, que deixa o destinatário com um sorriso de orelha a orelha e um calorzinho na alma. Que prazer existe em amar/agradar!
Há quem, à falta de melhor, se aprume em cópias cuidadas e fidelíssimas de um qualquer estafado texto pseudo-poético fornecido por Santa Net, salvadora dos aflitos e protectora dos amantes desinspirados. Que vontade existe de expressar o bem que se quer!
A par destas esforçadas (às vezes magníficas e brilhantes) manifestações sinceras, também aparecem envelopezinhos manhosos, disfarçados de paixão, mas vergonhosamente anónimos, minados, mais dignos do Carnaval do que do Dia dos Namorados, a roçar o mau-gosto e, no mínimo, a incomodar e a decepcionar quem recebe. Que prazer existirá nesta humilhação?

12 fevereiro 2007

Comparações

 Andam aí a associar o terramoto ao fim-de-semana... e à vitória do "sim".

Pelos vistos, já se esqueceram do Benfica.

02 fevereiro 2007

Visita de Estudo

 Cheguei há pouco de uma visita de estudo.

Levámos as nossas duas turmas de 9ºano ao Museu da Presidência da República (excelente ideia do "mê Jorze" Sampaio) e ao teatro ("Auto da Barca do Inferno", pela Ar de Filmes, nos Jerónimos).
Nos anos anteriores, não realizámos qualquer visita de estudo, como castigo pelo mau comportamento, e por isso parti para esta viagem com a sensação de que poderia ser uma aventura...
Foi uma óptima aventura! A rapaziada encheu o peito de ar e portou-se como gente grande!
Cumpriram horários à risca, respeitaram instruções ao milímetro, souberam ouvir guias e actores, deixaram o autocarro em impecável estado de limpeza, enfim, portaram-se à altura da confiança que quatro professores malucos depositaram neles. As guias do museu elogiaram-lhes o interesse, a atenção, o comportamento!
E depois, qual é o espanto?
O espanto é que, nos dias de hoje, há muitas visitas de estudo que não correm bem, pelas mais diversas razões, e outras que até acabam mal.
O espanto é que aquilo que deveria ser regra, em termos de conduta, se está a tornar excepção, a tal ponto que dou por mim a elogiar como se fosse excepcional aquilo que é normal. Mas a verdade é que estes miúdos tiveram de crescer, para chegarem até esta viagem, e isso tem mérito.
Belo dia este, passado com a miudagem, na capital.