Um marco de correio recebia, desde segunda-feira, as missivas amorosas dos alunos.
Hoje de manhã, as responsáveis abriram-no, seleccionaram a correspondência, e fizeram-na chegar às respectivas turmas.Coube-me a distribuição num nono ano, com meia dúzia de contemplados.
Nestas missivas há de tudo, desde folhas soltas, mal rasgadas de um caderno qualquer, gatafunhadas à pressa, com um aspecto horrível mas com uma mensagem original e sentida, que deixa o destinatário com um sorriso de orelha a orelha e um calorzinho na alma. Que prazer existe em amar/agradar!
Há quem, à falta de melhor, se aprume em cópias cuidadas e fidelíssimas de um qualquer estafado texto pseudo-poético fornecido por Santa Net, salvadora dos aflitos e protectora dos amantes desinspirados. Que vontade existe de expressar o bem que se quer!
A par destas esforçadas (às vezes magníficas e brilhantes) manifestações sinceras, também aparecem envelopezinhos manhosos, disfarçados de paixão, mas vergonhosamente anónimos, minados, mais dignos do Carnaval do que do Dia dos Namorados, a roçar o mau-gosto e, no mínimo, a incomodar e a decepcionar quem recebe. Que prazer existirá nesta humilhação?
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