30 abril 2007

Comemorar Abril

 A LIBERDADE ESTÁ A PASSAR POR AQUI!


Há 33 anos, para não esquecer, para cumprir.

Este bloguito faz hoje um ano.
Não há-de fazer 33, sabe-se lá (muito bem) porquê, mas isso é irrelevante.
O que importa é que a liberdade anda por aqui.
Obrigada a quem passa, a quem vem e a quem está.

Jardinices e Madeiradas

 Na sua triunfante (e desnecessária) campanha eleitoral, Alberto João vai gastar mais do que gastou o actual Presidente da República , para chegar a Belém.

O homem já não é só o Rei do Funchal, Presidente do Carnaval da Madeira e, nas horas vagas, também do Governo Regional!
O homem é o maior!!!
Alguém neste país manda mais que ele?
Alguém ousa enfrentá-lo, afrontá-lo?
Nahhhhh!
Nós pagamos, ele gasta.
E, para evitar aborrecimentos, fingimos que não damos por nada.
Está tudo bem.
Ponto final.

29 abril 2007

Vícios e Virtudes

 Será a maledicência uma necessidade do espírito?

É pena que as pessoas não consigam viver sem ela.
Se as "más línguas" deixassem de espalhar o seu veneno pelo mundo, as colectividades e as associações locais seriam certamente mais prósperas.
Vem isto a propósito das dificuldades de sobrevivência que têm as colectividades do nosso país, não só por falta de apoios exteriores (Estado, autarquias, sociedade civil), mas também porque os próprios associados se demitem de qualquer responsabilidade na vida associativa, partindo do princípio de que a sua única obrigação é pagar as quotas, numa postura que torna cada vez mais difícil a renovação de corpos gerentes, e cada vez mais raro o aparecimento de mais do que uma lista a candidatar-se a um mandato na direcção de uma qualquer colectividade.
Este desinteresse conduz a que algumas direcções se eternizem no exercício, arrastando vícios, fomentando clientelas, afastando "sangue novo" ou, apenas, cumprindo rotineira e escrupulosamente o seu mandato, sem projectos nem entusiasmo. À volta destas direcções criam-se anti-corpos, peritos em maledicência mais ou menos aberta. De tudo isto, resulta sobretudo a instauração de um mau ambiente nas associações, que as mina por dentro, e que torna ainda mais ostensivo e consciente o afastamento dos sócios.
Dirigir uma colectividade e fazê-la prosperar, nos dias de hoje, é tarefa exigente que não se compadece com interesses pessoais e que requer capacidades de liderança e de gestão que não estão ao alcance de todos; talvez por isso, às vezes, as colectividades desapareçam, afundadas em dívidas ou afogadas pela desorganização.
Se em vez de se limitarem a injectar capital e apoio logístico (para iniciativas mais ou menos pontuais), as autarquias proporcionassem às direcções das associações apoio (jurídico e contabilístico, por exemplo) para o cumprimento das muitas exigências a que se vê obrigada uma associação, e se os associados se empenhassem um pouco mais nas actividades da sua colectividade, as nossas vilas e aldeias seriam mais vivas, mais dinâmicas e mais aprazíveis, e Portugal seria um país menos cinzento.

Campeonato da Língua Portuguesa - Que Tristeza!

 Já se sabia que Bárbara Guimarães era assim sem teleponto: fraquinha, fraquinha.

Nas edições anteriores, já a tínhamos visto gaguejar, enganar-se, atropelar a língua, ter má dicção, desconhecer verbos, ignorar palavras, prejudicar os concorrentes.
Desta vez, foi pior!
E que dizer daquela ideia de atirar os envelopes para o chão, envergonhando os putos do anúncio da reciclagem? É para dar o exemplo aos mais novos?
E a trapalhada dos botões de apuramento em que os concorrentes tinham de carregar? Alguém ficou convencido acerca do seu bom funcionamento?
E aquele júri, a pactuar com as asneiras da tia Babá, e a credibilizar o atentado!?
E convocar concorrentes para nem sequer os apresentar? Quem eram? Onde estudam? Onde trabalham? De onde vinham? Não interessa!
Apontar a dedo apenas duas concorrentes porque são professoras, que intenção tem? Humilhá-las, se errarem?
O concorrente que não deu erros no ditado mereceu alguma atenção? Népia!
Dos vencedores, ao menos, soube-se alguma coisa? Nem pó!
Até lhes trocaram os troféus, na pressa da entrega dos prémios!
Ficámos a saber bem o que tinham ganho? Qual quê?! Estava na hora do telejornal!

Mas houve tempo para dar tempo de antena a um colégio privado só porque foi o que inscreveu mais alunos na competição! Desde quando é que quantidade é qualidade?
Tanto improviso e tanta incompetência num directo!
Aquele concurso é um atentado à língua portuguesa, mas também à inteligência dos espectadores e à dignidade dos concorrentes!
Como falante do português, aquela apresentadora é uma nódoa!
A SIC quer fazer omoletes sem ovos, com aquele concurso!
Arma-se em serviço público, porque lhe fica bem e lhe pode dar algum lucro, mas não quer sê-lo, na verdade, e está-se nas tintas para a língua e para os concorrentes!
A estação, a apresentadora e o júri bem podiam passar umas horas a ver como fazem os inventores do modelo que compraram/copiaram, os franceses Bernard Pivot e Julien Lepers, que há anos e anos apresentam magistralmente o "Dico d'Or" e o "Questions pour un Champion"; podia ser que aprendessem alguma coisa...

24 abril 2007

Eusébio, Hospital da Luz e Publicidade

 Se tudo correr bem, Eusébio deve ser "deshospitalizado" dentro em breve.

O doente Eusébio garantiu ao novo e desconhecido Hospital da Luz abertura de noticiários, directos vários e transmissões diversas em todos os canais.
Que melhor campanha nos media poderia o hospital ter encomendado, para divulgar a sua existência e promover a sua imagem? Quanto vale um doente deste gabarito?

No fim de contas, Eusébio é que lhes devia apresentar factura!

23 abril 2007

Eleições em França

 Grande taxa de participação eleitoral, nas Presidenciais, em França!

Em cada 100 eleitores, 85 foram votar. Fizeram fila e tudo! Lembrei-me de Portugal, nas primeiras eleições após a Revolução e pensei, mais uma vez, que algo vai mal por estas bandas... Talvez pudéssemos olhar para o exemplo gaulês, e tentar tirar conclusões sobre o que leva os portugueses a estarem tão afastados da política.

O eleitorado francês foi picado, abanado, sacudido pelos candidatos, por um discurso político anti-"langue de bois", por projectos bem distintos, e não quis ficar em casa.
Nicolas Sarkosy diz que foi por ele que se mobilizaram.
Mas como ele "só" teve 30% dos votos, prefiro acreditar que a França se mobilizou contra ele.
Em Maio saberemos.

Speacker's Corner

 Portugal deveria ter uns quantos speaker's corner espalhados pelo país.

Resolvia-se o problema de verborreia cega que ataca alguns políticos (de vários quadrantes), sobretudo quando estão na oposição.

20 abril 2007

O Negócio das Editoras Escolares

 As editoras escolares recomeçaram as suas sessões de promoção de manuais.

Dantes, os professores que participassem nestes lançamentos viam a sua falta justificada, sem qualquer prejuízo.
Com o novo estatuto da carreira docente, estas faltas passaram a prejudicar a progressão na carreira, pelo que as editoras apostam este ano em sessões ao fim da tarde, às sextas-feiras ou aos sábados, e restringem o número de locais onde estes encontros têm lugar.

Embora participar nestas iniciativas continue a significar contactar com os autores dos manuais, trocar ideias com eles e com outros professores, e receber, na íntegra, o projecto editorial do manual em questão, a verdade é que a maioria dos docentes não comparece.

Por um lado, é errado partir do princípio que os professores não têm aulas à sexta-feira: a maioria trabalha!
Por outro lado, compreende-se que muitos não estejam disponíveis para prescindir do (pouco) tempo que têm para passar com a família em troca de uma sessão que pouco lhes trará de pedagogicamente interessante e inovador.
Além disso, quem vive longe dos grandes centros urbanos, e tem de percorrer distâncias significativas para chegar a uma destas apresentações, sabe que as despesas de deslocação são grandes e que nenhuma oferta as compensa, seja ela de manual, de saco, de esferográfica ou de bloco-notas, de descontos em livros, ou de almoço ou jantar.

Talvez as editoras devessem repensar procedimentos, e deixar de olhar para os professores como pindéricos gulosos que se vendem por uma esferográfica, uns bolinhos ou um copo de sumo.

Em vez de gastarem um ror de dinheiro com estas acções em hotel mais ou menos estrelado, porque é que as editoras não concentram esforços no envio atempado de todos os materiais de todos os projectos (mesmo sem brinde!) para todos os professores de todas as escolas, de modo a proporcionar-lhes condições de procederem a uma escolha criteriosa, cuidada e tranquila?

Terão algumas medo de alguma coisa?
Será esta a face vísivel de um qualquer fenómeno de antropofagia editorial?
O que pensará sobre isto o Ministério da Educação?

Tenham um bom fim-de-semana!

18 abril 2007

Avaliação Externa das Escolas

 Está na moda a avaliação externa das instituições.

À pala disso, andam por aí uns jovens licenciados no desemprego que tiveram a brilhantíssima ideia de vender às escolas um projecto de avaliação .
Gabam-se que falaram com a ministra da Educação, que ela aprovou, e agora vendem o seu produto (nada barato...) pelo país fora.
A coisa será mais ou menos assim:
A comunidade escolar responde a um questionário, cujos dados, depois de tratados, permitirão identificar os pontos fortes e fracos das instituições.

Os questionários são iguais para todas as escolas?
Não. Cada escola tem o seu, adaptado à sua especificidade (o que significa que uma escola pode escolher para o questionário apenas as áreas em que é muito forte, escondendo debaixo do tapete as suas fraquezas, e mostrando um nível de excelência que é apenas sectorial?)

Mas os questionários são elaborados por técnicos credenciados?
Parece que não! Os tais jovens andam a formar equipas de avaliação para gerir o processo dentro das escolas.

Com regras concretas, iguais para todas as escolas?
Parece que não! Cada qual faz como quer: numas, a equipa tem muitas pessoas, noutras tem só 3; numas não se regista a presença de qualquer representante dos órgãos de gestão de topo, noutras até lá está o Presidente da Assembleia de Escola (o mesmo que, depois, se há-de pronunciar sobre o resultado final). É à vontade do freguês.

O que fazem essas equipas, geralmente sem qualquer especialização em sociologia, sem quaisquer conhecimentos sobre técnicas de elaboração de questionários?
Elaboram os questionários para a comunidade escolar, ao que parece, com base num rol de categorias que os tais "especialistas" lhes distribuem, e que seleccionam e adaptam em função da sua própria escola, e dos interesses dela. Trabalham desalmadamente, e à borla.

E os "peritas" o que fazem? Tratam da validação dos questionários?
Talvez não, porque há questionários que chegam às mãos dos inquiridos com erros de palmatória, de fazer arrepiar um estudante do primeiro ano de estatística.

A quem vão ser aplicados esses questionários?
A todos os professores e, por amostra, a encarregados de educação.

A amostra é aleatória?
Não! Como já se sabe que há pais que não vão responder, aceita-se que se escolham os pais a quem entregar o questionário.

Por esse país fora, estes jovens (cujo espírito empreendedor é de louvar, porque fazem pela vida deles) já conseguiram convencer uma vintena de escolas a serem avaliadas por este processo, cientificamente irrepreensível, obviamente legal e evidentemente credível.
Se é assim que se vai fazer a tal avaliação externa das intituições, vou ali assobiar e já venho!...

17 abril 2007

Quadrilha e Telenovelisão

 João amava Teresa que amava Raimundo

que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou pra tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história.

Carlos Drummond de Andrade

Como se vê, não é preciso muito para escrever uma telenovela. Basta talento.
Boa lição para os guionistas (principalmente os da TVi!), que escrevem a metro e repetitivamente.
Com a falta de imaginação, episódio-sim, episódio-não, lá aparece um personagem a perguntar:
"O que é que tu queres dizer com isso?"
Só muda o tom, mais ou menos ameaçador, mais ou menos pateta.
O que é preciso é fazer esticar! E lá vamos nós até à uma da manhã, se quisermos ver qualquer coisita, um filmezeco, uma seriezita, um debatezinho...
Em vez de televisão, o que Portugal tem é uma telenovelisão!

16 abril 2007

Prioridades do Eduquês

 Os meus alunos mais fracos, com a corda ao pescoço no nono ano, andam aflitos a contar insucessos e a ver quantas negativas podem manter sem reprovar, o que não é a mesma coisa que andar a ver quantas negativas é preciso subir para transitar de ano.

Gostaria de vê-los a contar quantos trabalhos podem fazer para aprender mais qualquer coisinha, e de quanto esforço precisam para recuperarem, aceitando os desafios que lhes lancei e cumprindo o plano de trabalho que juntos estabelecemos...
Isto sou eu, a marchar contra o eduquês: rabugenta e contrariadeira, insisto em pensar em responsabilidade, trabalho, seriedade e esforço.
Terei alguma hipótese?

12 abril 2007

Desperdícios

 Já por aí andam os programas que supostamente comemoram Abril.

Em Cerromaior, a atracção deste ano são "Os Anjos".
Continua a falta de imaginação e a banalização.
O pagode gosta?
Pelo menos, o pagode paga, e não é pouco.
Para construir um auditório como deve ser, não há dinheiro... Pois se ele se gasta assim, no efémero... como há-de chegar para outras coisas?

Uma curiosidade: há um lugar do concelho que não é sede de freguesia, e que não alberga qualquer instituição pública, mas que vai ter uma cerimónia de hastear das bandeiras dos dois clubes locais e da portuguesa que, como é sabido, fica bem em qualquer lado.

Estarei enganada, ou normalmente não se fazem cerimónias de hastear de bandeiras de associações em conjunto com a bandeira nacional? Qual é a intenção deste gesto?

10 abril 2007

Tempos

O tempo que não se tem.

O que se perde.
O que se faz e o que não se faz.
O que se poupa.
O que chega.
O que não dá para nada.
O esquisito, do sol, da chuva e da trovoada.
(Tempo dum raio!...)
O da vida e o do calendário.
O dos ponteiros, a horas, e o dos hábitos, atrasado.
O que passou e o que há-de vir.
Outros tempos...