Será a maledicência uma necessidade do espírito?
É pena que as pessoas não consigam viver sem ela.Se as "más línguas" deixassem de espalhar o seu veneno pelo mundo, as colectividades e as associações locais seriam certamente mais prósperas.
Vem isto a propósito das dificuldades de sobrevivência que têm as colectividades do nosso país, não só por falta de apoios exteriores (Estado, autarquias, sociedade civil), mas também porque os próprios associados se demitem de qualquer responsabilidade na vida associativa, partindo do princípio de que a sua única obrigação é pagar as quotas, numa postura que torna cada vez mais difícil a renovação de corpos gerentes, e cada vez mais raro o aparecimento de mais do que uma lista a candidatar-se a um mandato na direcção de uma qualquer colectividade.
Este desinteresse conduz a que algumas direcções se eternizem no exercício, arrastando vícios, fomentando clientelas, afastando "sangue novo" ou, apenas, cumprindo rotineira e escrupulosamente o seu mandato, sem projectos nem entusiasmo. À volta destas direcções criam-se anti-corpos, peritos em maledicência mais ou menos aberta. De tudo isto, resulta sobretudo a instauração de um mau ambiente nas associações, que as mina por dentro, e que torna ainda mais ostensivo e consciente o afastamento dos sócios.
Dirigir uma colectividade e fazê-la prosperar, nos dias de hoje, é tarefa exigente que não se compadece com interesses pessoais e que requer capacidades de liderança e de gestão que não estão ao alcance de todos; talvez por isso, às vezes, as colectividades desapareçam, afundadas em dívidas ou afogadas pela desorganização.
Se em vez de se limitarem a injectar capital e apoio logístico (para iniciativas mais ou menos pontuais), as autarquias proporcionassem às direcções das associações apoio (jurídico e contabilístico, por exemplo) para o cumprimento das muitas exigências a que se vê obrigada uma associação, e se os associados se empenhassem um pouco mais nas actividades da sua colectividade, as nossas vilas e aldeias seriam mais vivas, mais dinâmicas e mais aprazíveis, e Portugal seria um país menos cinzento.
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