18 abril 2007

Avaliação Externa das Escolas

 Está na moda a avaliação externa das instituições.

À pala disso, andam por aí uns jovens licenciados no desemprego que tiveram a brilhantíssima ideia de vender às escolas um projecto de avaliação .
Gabam-se que falaram com a ministra da Educação, que ela aprovou, e agora vendem o seu produto (nada barato...) pelo país fora.
A coisa será mais ou menos assim:
A comunidade escolar responde a um questionário, cujos dados, depois de tratados, permitirão identificar os pontos fortes e fracos das instituições.

Os questionários são iguais para todas as escolas?
Não. Cada escola tem o seu, adaptado à sua especificidade (o que significa que uma escola pode escolher para o questionário apenas as áreas em que é muito forte, escondendo debaixo do tapete as suas fraquezas, e mostrando um nível de excelência que é apenas sectorial?)

Mas os questionários são elaborados por técnicos credenciados?
Parece que não! Os tais jovens andam a formar equipas de avaliação para gerir o processo dentro das escolas.

Com regras concretas, iguais para todas as escolas?
Parece que não! Cada qual faz como quer: numas, a equipa tem muitas pessoas, noutras tem só 3; numas não se regista a presença de qualquer representante dos órgãos de gestão de topo, noutras até lá está o Presidente da Assembleia de Escola (o mesmo que, depois, se há-de pronunciar sobre o resultado final). É à vontade do freguês.

O que fazem essas equipas, geralmente sem qualquer especialização em sociologia, sem quaisquer conhecimentos sobre técnicas de elaboração de questionários?
Elaboram os questionários para a comunidade escolar, ao que parece, com base num rol de categorias que os tais "especialistas" lhes distribuem, e que seleccionam e adaptam em função da sua própria escola, e dos interesses dela. Trabalham desalmadamente, e à borla.

E os "peritas" o que fazem? Tratam da validação dos questionários?
Talvez não, porque há questionários que chegam às mãos dos inquiridos com erros de palmatória, de fazer arrepiar um estudante do primeiro ano de estatística.

A quem vão ser aplicados esses questionários?
A todos os professores e, por amostra, a encarregados de educação.

A amostra é aleatória?
Não! Como já se sabe que há pais que não vão responder, aceita-se que se escolham os pais a quem entregar o questionário.

Por esse país fora, estes jovens (cujo espírito empreendedor é de louvar, porque fazem pela vida deles) já conseguiram convencer uma vintena de escolas a serem avaliadas por este processo, cientificamente irrepreensível, obviamente legal e evidentemente credível.
Se é assim que se vai fazer a tal avaliação externa das intituições, vou ali assobiar e já venho!...

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