- Amanhã, antes de abalarmos, temos de ir ao pão, à lavandaria e passear o cão. Qual destas tarefas queres para ti?
- Nenhuma.
- Amanhã, antes de abalarmos, temos de ir ao pão, à lavandaria e passear o cão. Qual destas tarefas queres para ti?
- Nenhuma.
Ultimamente dei por mim a reparar que as pessoas pedem quase sempre imensa desculpa (isto no caso das pessoas que pedem desculpa).
E é engraçado notar que o fazem nos contextos mais díspares, a propósito de tudo e de nada, mas ainda assim sempre com a mesma convicção. Vejamos: "Peço imensa desculpa, não tinha reparado que a informação já vinha na carta", ao estilo estou-me nas tintas para ter o rabalho de ler, explica-me lá tu ao telefone; "Peço imensa desculpa pelo atraso", género nunca ninguém chega a horas e logo hoje fui eu apanhado; "Peço imensa desculpa, fui só ali ao multibanco", como que a dizer estava eu tão bem com o carrinho em segunda fila e tu lembras-te de querer sair com o teu; "Pisei-o! Peço imensa desculpa!", tipo bem feito, não estivesses de pezinho esticado.
Se for usado como advérbio de quantidade, servirá para quê, aqui? (é que acho que é mesmo nesse sentido que muita gente usa a expressão, assim como quem pede muita desculpa). Pedir desculpa em quantidade, ainda que não em qualidade, provocará no receptor alguma espécie de condescendência maior? e condescender é desculpar? ou é só abrir portas a mais desculpas?
Estou baralhada... pessoalmente, costumo usar a forma verbal, sozinha e sem floreados, mantendo sempre presente o dito que ouvi em tempos: as desculpas não se pedem, evitam-se.
Nas comemorações dos 100 anos da República, a RTP, a TV do Estado, que todos pagamos, tem andado a promover o evento com uma emissão em directo de título deseducativo intitulada "Vivá República".
Já nem sequer teço considerações sobre a qualidade das emissões. Fico-me apenas pelo título.
Vivá???
Em que língua está isto escrito?
Sete da tarde e ainda 33º em Lisboa. Arrastadamente, entramos para o cacilheiro que em 10 minutos nos põe do outro lado, onde apanharemos um autocarro que nos há-de deixar perto de casa.
Aqueles 10 minutos dão para muita coisa, sempre à vontade do freguês: dormir, ler, actualizar a agenda, dormir, fazer a catarse do dia com o colega que nos acompanha, falar ao telemóvel, dormir, apreciar o rio, dormir...
Ontem não deu para nada disto. Uma mãe lutou, durante os 10 minutos da viagem, com a birra de um filho que gritou a plenos pulmões, como se não houvesse amanhã.
Quem tentava ler, suspirou, quem falava ao telemóvel repetiu "não ouço, 'tá aqui um puto a fazer birra", quem tentava dormir teve pesadelos.
E eis que logo ali surgiram as melhores teorias da educação, ao estilo "se fosse no meu tempo, tu ias ver", "está a precisar é de uma palmada", "não é a bater que se resolve a situação, isso era dantes", "fazem-lhe as vontades e depois dá nisto" e (a minha favorita) "deixa-o berrar, que ele logo se cansa"... Quando o barco atracou, tenho cá para mim que todos rezávamos baixinho para que a criança não tivesse como destino o mesmo autocarro que nós.
Quanto a mim, Deus atendeu as minhas preces, mas para me castigar logo de seguida com uma viagem de mais 20 minutos novamente aos berros e sucessivas paragens, fruto de uma discussão entre o motorista e um passageiro que insistia em ofendê-lo porque ele era brasileiro.
Mais uma vez se ouviram comentários e opiniões para todos os gostos. Uma coisa é certa, parece que fado, futebol e Fátima já não chegam para acalmar as hostes, a malta quer é ver sangue!
O texto que acaba de ler é da autoria de QI Baixo.
QI Baixo colabora com o Assobio, e escreve neste blog quando pode e quer.
Paulo é um polvo que vive num aquário na Alemanha e que, desde que o Mundial começou, tem adivinhado sempre o resultado dos jogos em que entra a selecção alemã. Como? simples: dentro do aquário são postas duas caixas com mexilhão dentro e as caixas são forradas com as bandeiras dos dois países em jogo; aquela que o Paulo escolher é a vencedora.
Quando a Alemanha perdeu com a Sérvia, ainda o Mundial era uma criança e o Paulo um polvo engraçado. Agora que foi afastada da final pela Espanha, novamente confirmando um prognóstico de Paulo, receio bem que o arroz de polvo se torne um práto típico por lá!
Já não bastava cuspir para a cara dos jornalistas, nem lhe chegava desrespeitar o treinador e os colegas; não era suficiente a sobranceria, o culto da musculatura de Popeye de 3ª, o mau gosto da indumentária e dos adereços, a incapacidade de organizar uma ideia... a viril rasquice da perna aberta e tesa.
Agora, foi PAI, Ele, sozinho, de geração espontânea, Deus e Senhor, Criador da sua Criatura.
Mulher? Mãe? Isso não interessa para nada, que as mulheres são todas umas interesseiras... só servem para orgias e bacanais, umas atrás das outras, pagas todas para dar prazer, a troco de roupas, jóias, brinquedos de luxo, tudo magnanimamente, a uma isto, a outra aquilo, a esta, agora, um filho - é tudo igual, elas vendem-se sempre! Seres inferiores, repugnantes, indignos de viverem ao lado de um modelo de princípios e ética perante o qual o mundo se ajoelha, rendido e embevecido.
Mãe, há só uma! A dele e mais nenhuma! Desinteressada, com certeza, mestre na arte de educar!
Se educar tão bem o nº 2 como educou o nº 1, está garantida a continuidade da raça.
Podíamos votar ao desprezo esta gentalha, mas não somos capazes.
Era tão fácil deixá-los a nadar no dinheiro e esquecer que eles existem.
Matar a vedeta com a indiferença.
Mulher que é Mulher deveria mudar de passeio à simples ideia de se cruzar com aquilo!
Desprezar o animal.
Tudo isto seria inóquo, se este boçal não fosse, efectivamente, um modelo para as novas gerações, e se os seus comportamentos não fossem "bebidos" por milhares, milhões de jovens em todo o mundo, a esta hora certamente frustrados porque não terão dinheiro para pagar barrigas de aluguer.
Que efeito terá num jovem esta visão pervertida e perversa de que tudo se pode comprar, seja um filho, uma mulher, um Ferrari, uma mansão ou uma peça de roupa?
O que provocará na nossa juventude esta ideia de que um filho não precisa de nascer do amor, nem de uma relação, mas apenas da vontade de um gajo em gerá-lo?
Que consequências terá este exemplo na nossa sociedade, e nesta civilização dita desenvolvida, mas na verdade orgulhosa mãe, amante e filha de Cristiano Ronaldo...
"Quando eu digo que um jogador está cansado, é porque está cansado. Não brinquem com a minha honra".
Faz lembrar um sketch velhinho do Herman José, em que a mãe dizia "Ó filho, não faças esforços, olha a tua hérnia!", o filho respondia "Ó mãe, mas eu não tenho nenhuma hérnia..." e a mãe encerrava o assunto dizendo "Mas hás de ter, meu filho, hás de ter!"
Fica, assim, explicado preto no branco que o treinador tem sempre razão.
Hugo Almeida que se ponha a pau!
Saramago já não está. Levou consigo todas as palavras, pôs no seu lugar a saudade e deixou-nos a alternativa de relê-las até à exaustão.
Agora pensemos, em exercício que só pode ser de imaginação: se a nós as suas palavras fazem falta, o que não sentirá Pilar del Rio, companheira de duas décadas, cúmplice no tecer dessas palavras, musa inspiradora, amiga, amante, no fundo companheira de uma vida, mesmo antes de Saramago a ter conhecido, porque por vezes assim é no amor ainda que o conheçamos tarde.
A Pilar fazem falta não só as palavras que Saramago também partilhou connosco, mas sobretudo aquelas que só a ela dedicava. Fazem-lhe falta os gestos e as rotinas. Faz-lhe falta a ternura e cumplicidade do olhar, a serenidade da companhia de uma presença que, adivinhando-se poder ser silenciosa, imagina-se plena de intimidade.
Saramago estará, provavelmente, a contemplá-la do mesmo mar que tantas vezes contemplaram juntos. Segui-la-à à distância, guardá-la-à de todos os males e guardará para sempre o seu amor.
Pelo menos Pilar parece estar certa dessa presença - só isso pode justificar a absoluta certeza e infindo desamparo do seu sorriso.
Nasceu assim como hoje, mas há 67 anos.
Foi pequenina no Alentejo; em família de muitos irmãos, não se lembra do pai que perdeu cedo, mas recorda a mão e a vontade férrea da mãe - "trabalho de moço é pouco, quem não o aproveita é louco".
De lá, revive também as festas em que a matriarca juntava a família e os vizinhos e nas quais tinha por tarefa dar corda à grafonola, porque era demasiado envergonhada para participar do resto.
Moça, veio para Lisboa arranjar trabalho. Aguardava-a a linha de montagem na fábrica, onde anos mais tarde, já mãe, fez dois dias de greve de braços caídos por achar que injustamente lhe tinham retirado o cargo de coordenadora que tanto lhe custara a alcançar.
Mãe, ela agora também, fez jura de dar às filhas as oportunidades que ela não teve e trabalhou ainda mais na fábrica. Quando a linha de montagem fechou, trabalhou naquilo que a vida lhe ofereceu - costura, crianças, trabalhos domésticos.
Já avó, continua a educar, a entregar-se, a abdicar, a ser farol para um navio cujo leme tão bem conhece.
Casada, ampara agora na doença o companheiro que nem sempre teve presente na saúde.
Nasceu há 67 anos. Pelo que fica dito, bem sei que podia ser a mãe de muitos de nós, mas é a Senhora minha Mãe.
Celebra-se o regresso do Assobio e da sua directora, ainda que em sã partilha com a escola de que tanto gosta.
Sem cê, porque assim o quer o acordo ortográfico (já agora, permitem-me que o ignore? é que ainda não tenho ferramentas actualizadas para o efeito...), mas nem por isso menos convicta, ou menos construtiva, nem por isso a contragosto, embora por vezes, talvez, a contramaré.
Com cê, para mim, seguramente de coragem, de carácter, de capitania, daqueles cês que são o nosso impermeável no Inverno, e nos aconchegam no Outono, para despontarem em carmim na Primavera e connosco fazerem a maré de Verão.
Mazel Tov, Assobio!!
O Assobio saúda efusivamente o regresso simultâneo do QI Baixo. E logo a cascar no ketchup e a chamar a atenção para a mostarda que ainda nos pode subir ao nariz! É assim mesmo!
Quanto à mensagem em hebraico, e porque me apetece e quero acreditar que Saramago levou mesmo consigo as palavras (quase todas), só posso responder com Vinicius: Saravá!, minha irmã.
Para quem viu, e também para quem ouviu falar, digam lá que não foi bonito os 7 a 0?
Afinal, a regra do Ronaldo tinha razão : os golos são como o ketchup, vêm todos de uma vez!
Deixa ver se contra o Brasil não vem de lá mostarda... assim bem verde a amarelinha...
PS: 'Tou com pena dos homens da Coreia. Ouvi dizer que as famílias já estão a ser torturadas.