Num país longínquo, o Ministro ameaçou-o:
- Se for como eu quero, a tua carreira passa a depender do sucesso dos teus alunos e da opinião dos pais deles.Caiu o Carmo e a Trindade. Que não, que nem pensar, que não podia ser, que isso era um atentado à sua dignidade profissional, que o Ministro não respeitava ninguém, que era só o que faltava, não se pensar na qualidade do ensino, atentar contra a essência da profissão, esvaziá-la de sentido..., passar-se os alunos sem eles saberem nada... onde é que já se viu? Só por cima do cadáver dele!
Um mês depois, usou os seus poderes legais de pedagogo para aprovar a progressão de um aluno, que ele próprio, professor, tinha contribuído para reprovar, dois dias antes, com várias, muitas negativas. Decidiu assim contra a sua própria decisão, sem que novos dados tivessem surgido, a não ser o parecer do Encarregado de Educação, contrário à reprovação.
Enquanto isso, o Ministro pensava se havia de cumprir a ameaça ou dar ouvidos ao indignado protesto dele.
Não consigo sair da idade das perguntas:
Quem é que o obrigou a cumprir uma lei que ainda não existia?
Quem é que ele desautorizou e desrespeitou, para além de si próprio?
De que é que ele teve medo, ou de quem?
Que imagem deu de si, dos seus colegas, e da organização a que pertencia?
Que benefício pessoal e/ou profissional terá retirado desta atitude?
Que alcance humano, pedagógico e social terá tido esta prática?
Que vantagens terá trazido ao aluno este voo sem pára-quedas?
Seja como for, ainda bem que esta história se passou num país longínquo!
Em Portugal, nenhum professor seria capaz de uma coisa destas...