24 junho 2006

Fogo de Artifício

Nós, portugueses, temos um triste defeito: achar que o que vem de fora é que é bom, só porque vem de fora.

Compararmo-nos com outros povos só vale a pena se for para aprendermos com eles o que têm de melhor.

Não me importava que tivéssemos o rigor alemão, a pontualidade britânica, ou o pragmatismo irlandês; que produzíssemos como os luxemburgueses ou tivéssemos o civismo dos escandinavos.

Infelizmente, a nossa propensão para a superficialidade leva-nos a invejar o nível de vida dos outros, mas a rejeitar mudanças de hábitos (profissionais e de vida) que nos conduzam ao nível deles .

É sempre mais fácil dizer mal de tudo, como se o país que somos fosse assim uma espécie de entidade abstracta, e não o resultado do que cada um dos seus cidadãos é e faz .

Lembrei-me deste assunto, porque ontem à noite assisti, pela TV, a um dos mais deslumbrantes espectáculos de fogo de artifício de que tenho memória – o do S.João, no Porto – e tenho a certeza de que vi apenas uma ínfima parte daquilo que a multidão teve o privilégio de ver ao vivo!

Tenho orgulho que Portugal seja um dos maiores e mais criativos produtores mundiais de material pirotécnico - que exportamos para o mundo inteiro - e que nesta área haja pouco quem nos chegue aos calcanhares! A maior parte dos países europeus não sabe o que é um fogo de artifício deste nível.

Em contrapartida, também fiquei a pensar que talvez esta situação seja a metáfora do país que somos.

O fogo de artifício é lindo mas é caro, dura pouco e, quando acaba, regressa o silêncio e a mais profunda escuridão.

Foi assim com a Expo 98 e com o Europeu de Futebol.

Assim será com o Mundial de Futebol.

Mais dia, menos dia, havemos de voltar ao escuro e ao silêncio.

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