29 junho 2006

Garagens Privadas, Estacionamentos Públicos

 Ando eu a queixar-me de não passar da idade dos porquês...



Hoje, ao fim da tarde, fiquei bloqueada à saída da garagem colectiva do meu prédio. Vivo no centro de Cerromaior, numa zona de muito difícil estacionamento.
Quando tentei sair, encontrei um veículo branquinho e simpático, com os dois piscas ligados, que estava bem estacionado precisamente no único sítio por onde eu podia sair, ou seja, em frente ao portão. Fiquei ali, "pendurada", com duas rodas já no passeio, outras duas ainda na rampa, e o focinho do carro quase encostado ao branquinho gozão.
Esperei uns segundos, mas como não havia ninguém no carro, não me valeu de nada. Recuei, para descer novamente a rampa, e saí a pé da garagem, à procura do legítimo condutor do branquinho. Entrei na loja contígua, indaguei do proprietário do veículo... olhei para todo o lado... e nada! Nem sinais de condutor com ar de infractor!
Regressei à garagem (fiz os possíveis por não olhar para os piscas que não desistiam de me chamar estúpida), voltei a subir a rampa com o carro, recoloquei-o na tal posição estratégica, e fiz ouvir o protesto através da minha buzina. Acordei certamente o vizinho, que trabalha por turnos; atraí rostos mais ou menos curiosos a quase todas as janelas dos prédios do quarteirão... mas do "chofer" do branquinho nem sinais!
Até que, quando eu própria já tinha vergonha da minha buzina, aparece uma lady, ligeiramente apressada, bamboleando a mala a tiracolo; sorriu para o ar, em direcção ao outro lado da rua, olhou-me de soslaio, de chave na mão, e lá tirou o branquinho da minha trajectória. Nem um pedido de desculpa, verbal ou apenas mímico, nem nada. Seguiu o seu caminho, como se eu ali não estivesse, certamente desagradada pelo incómodo que lhe causei.
Mais do que furiosa, pela situação em si, e por me ter calado (lembrei-me do comentário da Maria...) segui viagem, olhando para o atraso que o relógio se preparava para me marcar. Se não fosse a minha mania de sair sempre mais cedo do que o necessário, teria chegado tarde ao que tinha a fazer, 150 quilómetros mais adiante.

E agora, volto aos meus porquês.

Porque é que tive justamente de sair àquela hora?
- porque tinha como objectivo principal impedir a senhora de governar a vida dela.

Porque é que não pedi desculpa à senhora?
- porque sou mal educada e incapaz de reconhecer a incivilidade que pratiquei.

Porque é que me pus a buzinar, incomodando toda a gente?
- porque não respeito os direitos dos outros, nem as regras de vida em sociedade, nem o código da estrada.

Porque é que não fiquei em casa?
-porque há pessoas que têm sempre de fazer o que querem e lhes apetece, sem pensarem nos outros.

Porque é que insisto em usar a garagem, se às vezes até se consegue estacionar no exterior do prédio?
- porque me quero "armar em boa", e rebaixar os outros, mostrando que eu tenho garagem, e eles não.

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