03 outubro 2007

Videira Rija

 PRATA NA ESGRIMA

Joaquim Videira é medalha de prata no Campeonato do Mundo de Esgrima.


A generalidade da imprensa ignora o feito; merece-lhe menos atenção do que o carro novo de um futebolista.
De Portugal, não sei que apoios recebe, mas presumo que sejam trocos, comparados com os "investimentos" nos craques do futebol. (O país trata sempre bem quem o prestigia.)

Joaquim Videira recebeu em 2004 o Prémio Fair Play do Comité Olímpico Português, depois de durante um combate do Campeonato do Mundo ter recusado um ponto indevidamente atribuído pelo árbitro, acabando por sair derrotado.
Certas figuras da bola devem ter rido, e achado que Videira foi um otário, ingénuo ou inocente. A honestidade soa sempre mal a ouvidos sujos.
Só que, no meio de tanta uva podre, quem arrecada a medalha é o Videira!
Viva o Videira!

08 junho 2007

O Meu Silêncio e a Voz de Gal Costa

SILÊNCIO E GAL GOSTA

Poderia falar do concurso para professor titular, que me rouba, literalmente, 2/3 da minha existência.

Poderia escrever da minha felicidade, da minha ingrata condição de professora injustiçada, e da minha frustrante e próxima condição de ex-futura candidata, quem sabe se assim titulada para a eternidade.

Poderia dissertar sobre o que significa para mim ser professora, e não vendedora de aulas.

Poderia.

Mas decidi que não vou gastar nem um milésimo da minha energia.
Reclamo para mim o direito ao silêncio das vítimas.

Proclamo a minha rendição ao concerto de Gal Costa, no Coliseu.

Com aquela voz, agora menos aguda, mas agradavelmente mais madura, Gal Costa é uma "professora titular" da música, que o Brasil e o mundo reconhece na excelência dos grandes.

Nos últimos anos, Gal reduziu um pouco a sua actividade, para ressurgir em 2006, segura e serena, madura e doce.

A sorte de Gal é não ser professora, porque, sem discos nos últimos anos, se fosse docente estava já na prateleira dos miseráveis inúteis e dos incompetentes desleixados!

04 junho 2007

André Sardet ao vivo - Que Gelo!!!

UMA COISA CHAMADA ANDRÉ SARDET

Foi ontem à noite, na Santiagro/2007.

Noite de Verão, e de ambiente espectacular, para uma cronometrada hora de espectáculo... com 15 minutos de versões!

Então, o homem tem vários CDs gravados e não consegue arranjar músicas dele para encher um concerto? Tem de socorrer-se do Variações, dos Trovante e dos Heróis do Mar (raros momentos em que aqueceu a plateia)?

E não é capaz de arranjar nada diferente para cantar, no "encore", sem ser a repetição de um tema já cantado?

E aqueles arranjos, frios, competentes, é certo, mas frios?

E aqueles músicos, e as coristas, distantes, cada qual "na sua", aparentemente tocando para eles, esquecidos de que estavam ali milhares de pessoas?

Faltou calor, cumplicidade, maturidade na relação com o público.

Pedir que se acendessem isqueiros e que se erguessem telemóveis (???), para acompanhar uma música, pareceu-me a cereja em cima do bolo da foleirada, para já não falar nas referências lamechas ao desaparecimento da criança inglesa...

Sinceramente, não esperava que fosse tão mau, eu que estive mesmo à beirinha de me deslocar a Lisboa, de propósito para o concerto...

Pensava eu que gostava de André Sardet...

31 maio 2007

Sindicatos e Professores Titulares - A Mentira

A MENTIRA CÚMPLICE 
DOS SINDICATOS DE PROFESSORES


O que leva os sindicatos a incentivarem todos os professores do 10º escalão (mesmo os que estão à beira da reforma) a concorrem a titulares, com a ameaça de que poderão sofrer "represálias" do Ministério se não o fizerem, nomeadamente acenando-lhes com a possibilidade de perderem os seus lugares no quadro das escolas?


Os sindicatos - todos os sindicatos - sabem que estiveram numa reunião negocial em que isso foi discutido com a tutela. E tiveram garantias de que nada aconteceria a esses professores! A acta dessa reunião não deixou claro o compromisso ministerial?

A única coisa que acontece a qualquer professor (do 8º ao 10º escalão) que não concorra, é que, obviamente, não progride na carreira.

Então, o que ganham os sindicatos com esta falácia? Vale tudo, agora, quando se trata de aumentar o descontentamento dos professores contra a tutela?

Os sindicatos querem lá saber dos interesses pessoais dos professores! Querem lá saber do bom funcionamento das escolas! Importa-lhes lá a estabilidade das pessoas!
A única coisa que parece interessar-lhes, realmente, é a guerra dos seus interesses corporativos mais mesquinhos!
Nessa guerra, o simples professor é um mísero peão...

29 maio 2007

Somos os Maiores!

SOMOS OS MAIORES!

As (poucas e curtas) notícias não enganam: há uns quantos Grandes Portugueses que andam a espalhar classe pela Europa e pelo Mundo, no atletismo, no andebol, na esgrima, no rugby, e a trazerem para Portugal o ouro e os grandes troféus.

Quando regressam ao nosso país, e chegam ao aeroporto, são recebidos pela família, por meia dúzia de amigos e colegas, por um ou outro dirigente do clube a que pertencem, e por um ou outro jornalista, se não houver nenhuma notícia melhor para dar, porque se nesse dia e a essa hora um futebolista famoso se lembrar de espirrar, tem prioidade, com direito a transmissão directa, e lá se vai a reportagem do aeroporto...

O país que ignora assim os seus verdadeiros campeões é o mesmo que fica eufórico e buzinante a festejar uma Tacinha ou um Campeonatozinho de futebol, a única modalidade que parece existir, e que, por sinal, é precisamente aquela que quase só nos tem dado desgostos internacionais.

Não estou a defender nenhum especial exagero comemorativo para os atletas medalhados internacionalmente, mas incomoda-me ver como são discriminados e injustiçados, se comparados com os chutadores profissionais de bola. Já assobiei contra isso.

Desvalorizar quem nos dá glória e alegrias, e elevar aos píncaros quem quase sempre nos deixa aquém das expectativas, não será sobretudo masoquismo puro?
Ou será apenas porque vivemos em Futogal?

25 maio 2007

Faltas de Educação em Santiago do Cacém

FALTA EDUCAÇÃO A SANTIAGO DO CACÉM

Santiago do Cacém ainda não tem Carta Educativa. Não tem sido uma prioridade da autarquia.

Mas o Presidente da Câmara refuta o encerramento de algumas escolas do primeiro ciclo porque... isso contraria o espírito da Carta Educativa do concelho (que ainda não existe).
A Vereadora da Educação acha até que não vale a pena haver Carta Educativa, se é para ser ignorada pelo Governo...

Santiago do Cacém realizou há dias a primeira reunião do seu Conselho Municipal de Educação. Antes, não era uma prioridade da autarquia.
Mas o Presidente da Câmara lamenta que o Conselho Municipal de Educação (que não existia, até há uma semana) não tenha sido ouvido no processo, e protesta por a tutela da Educação não ter esperado pelo resultado desta (primeira) reunião.

A maioria na Câmara defende que se mantenham abertas escolas com meia dúzia de meninos isolados, com um só professor para os quatro níveis de ensino e um computador ligado à Internet. Acha que isto é que é igualdade de oportunidades. Lembra que estas escolas têm sucesso, porque a maioria destas crianças não ficam retidas no final do 1º ciclo; como se o sucesso se medisse assim!...

Não há dúvida que o encerramento destas escolas levanta problemas à autarquia.
Será preciso reorganizar os transportes (mas o Estado não paga para isso?), e será necessário garantir o serviço de refeições (mas o Estado também paga para isso, não paga?).

O que a autarquia não pode é querer deixar tudo na mesma, sacrificando o futuro destas crianças, só para não ter o trabalho de reequacionar o funcionamento das suas estruturas, e de cumprir assim as obrigações que tem para com os seus munícipes.

Infelizmente, a igualdade de oportunidades não nasce de geração espontânea, e não basta apregoar que a defendemos. É preciso fazer por ela!

Também não vejo grande futuro num Conselho Municipal de Educação que, em vez de pensar nas grandes linhas orientadoras da Educação do seu município, se presta a reduzir-se a um papel meramente reactivo. Se assim for, será triste, lamentável e inútil, porque não prestará ao município o serviço que lhe compete.

A isto é que eu chamo Faltas de Educação.

23 maio 2007

Lisboa e os Candidatos

UM CÃODIDATO

Ele andava indeciso desde há alguns dias, mas com as notícias de hoje, afastou inseguranças, perdeu todas as dúvidas, afastou todos os complexos de inferioridade, e avançou:


O meu cão é candidato à Câmara de Lisboa!

21 maio 2007

Campeões!

CAMPEÕES, POIS...

Em futebol, o FCP é campeão, embora o Benfica seja quem tem mais vitórias, e o Sporting tenha sido roubado duas vezes, mas tudo isso são minudências...

Desculpem lá:
Campeã, Campeã,
com um C dos grandes,
é a Vanessa Fernandes.
Encarnadinha! Olarila!

19 maio 2007

Túnel do Marquês

TÚNEL DO MARQUÊS

Meia-noite de Verão. Lisboa. Avenidas Novas

Trânsito-monstro na saída de Lisboa, em direcção a sul.
Túnel do Marquês magnífico, bem iluminado, apetitoso... mas fechado!
Àquela hora, ontem, precisei de 45 minutos para fazer Restauradores -Amoreiras
Portugal no seu melhor!
(Ou Carmona no seu pior?)

18 maio 2007

Restaurantes, Crianças e Cães

RESTAURANTES, CRIANÇAS E CÃES


À pala do caso Madeleine e do Miguel Sousa Tavares, anda-se a discutir se as crianças devem ir ao restaurante.

Quem não deve ir ao restaurante são alguns dos pais delas, que não sabem educá-las, e não sabem - eles próprios - respeitar o direito a uma refeição em paz (para si e, claro!, para os outros).

Os frequentadores de restaurantes sabem que encontram lá de tudo, desde o miúdo normal, bem comportado, que come o que tem a comer, fica no seu canto a brincar com a sua tralha e não chateia ninguém, ao puto insuportavelmente metediço, que come mal, chafurda muito, não gosta de nada, interrompe constantemente as conversas dos adultos, faz dez birras, e acaba a noite a correr impunemente à volta das outras mesas, gritando e estrebuchando, enquanto os pais respiram de alívio por ele ter, finalmente, dado tréguas à família! Tudo isto o proprietário, o gerente e os empregados vêem, de sorrriso amarelo, contrariados mas acanhados, calados, sabe-se lá porquê.

Não compreendo por que razão a sociedade há-de ser tolerante com esta falta de civismo dos adultos! A culpa não é das crianças!

Perante esta realidade, fico sempre contrariada quando em Portugal não deixam o meu mini-cão entrar num restaurante. Tendo crescido num país onde os animais não são escorraçados pela hotelaria, o tipo foi habituado desde miúdo a ir "comer fora" com frequência; está vacinado como manda a lei, toma banho regularmente, entra no restaurante com rédea curta, todo direitinho sem se meter com ninguém, deita-se debaixo da mesa, e fica lá sossegado e calado desde que eu me sento até que me levanto, para sairmos. Se não tivéssemos de entrar e sair, ninguém saberia que ele lá tinha estado, tal é a sua discrição. Acontece até que, às vezes, ele é que é incomodado precisamente por crianças traquinas que, depois de o descobrirem debaixo da mesa, nunca mais o querem deixar em paz, nem a ele, nem a mim!

É claro que o meu cão não é melhor nem pior do que as outras crianças: é apenas um cão bem-educado, de que muito me orgulho, e que, apesar de irracional, não me deixa ficar mal!

É verdade que não entra na maior parte dos restaurantes portugueses, mas paciência!, se calhar eles têm os clientes que merecem!

16 maio 2007

Nós e a Inglaterra - A Telenovala

PORTUGAL - INGLATERRA:
A TELENOVELA


A história já vai numa dúzia de episódios:


Madeleine desaparece, e quando a Polícia é avisada, já houve tempo para a levar para longe.
Mal a PJ entra em acção, e logo a imprensa inglesa quer que lhe conte tudo sobre o desaparecimento da criança.
As autoridades inglesas escondem da PJ, durante os primeiros dias, a presença em Portugal de 150 pedófilos... britânicos.
A PJ investiga discretamente um suspeito, alertada pelo seu comportamento, e também por informações de um cidadão português.
Uma jornalista inglesa suspeita do suspeito que já está a ser investigado, mas brada aos 7 ventos que foi ela, sim senhora, que suspeitou primeiro, e que denunciou primeiro, quiçá à coca das "alvíssaras a quem encontrar"...
A imprensa britânica continua a exigir que os raptores sejam capturados.
A PJ interroga o suspeito, e fá-lo arguido.
Na comunidade inglesa em Portugal há quem se mostre escandalizado - aquele não, que é boa pessoa!
A SkyNews entrevista o arguido e assume, numa escandalosa parcialidade jornalística, a defesa dos seus argumentos: o homem está inocente; a PJ errou.
Em Londres, o presumível sucessor de Blair declara hoje publicamente que vai pressionar Portugal, nesta investigação.

Obviamente, para estes ingleses, a história só pode acabar bem de duas maneiras:
Ou o criminoso é apanhado, e tem de ser português, para os britânicos poderem dizer mal à vontade.
Ou o criminoso não é apanhado, e a culpa é da polícia, que, obviamente, sendo portuguesa, não presta, porque não foi capaz de apanhar um criminoso que, obviamente, só pode ser português.

Na primeira hipótese, o suposto hediondo crime lusitano apagaria o heroísmo da PJ.
No segundo caso, a ausência material de criminoso permitiria a anulação total do esforço e do prestígio da nossa polícia.

Permita-se-me aliviar o fígado, por esta altura já bastante envenenado:
No meio disto tudo (parece que se esquecem!), há uma pobre criança, mas se a Polícia inglesa não conseguiu encontrar todas as que desapareceram em terras da "Queen", e se os próprios ingleses - e a imprensa - não se incomodaram muito com isso...

Já agora, só uma perguntinha:
Se o crime não se resolver (a contento) , o que fará o governo londrino?
- Manda regressar à ilha todos os seus cidadãos residentes no perigoso Algarve e nos seus ameaçadores arredores?
- Pede que Portugal seja expulso da União Europeia, por má conduta, pesporrenta independência jurídica e arrogante autonomia política?
- Exige à Organização Mundial de Saúde que nos ponha de quarentena, por sermos uma ameaça à saúde pública?
- Combina com os EUA uma invasão do território português, "para ver se os gajos aprendem"?

Estou farta.
No meio disto tudo, diverte-me o negócio das fitinhas amarelas...
Olhem se o Scolari se tem lembrado de pedir que as puséssemos à janela...

Por falar em Scolari: ele, mais o Cristiano Ronaldo, mais o Beckam mostraram-se solidários. Achei o gesto inútil, mas não me incomoda em demasia, porque, não tendo dado nada, a não ser a cara, também não pediram nada (já têm o suficiente...).
A imitá-los apareceu Abel Xavier, aquela linda cabeça loira, verdadeiro exemplo da arte de bem jogar futebol com a mão, e da capacidade "fashion" de bem triunfar dopado! Não deu nada, porque vale o que vale, mas nos tempos que (lhe) correm, aparecer na televisão já é facturar!
Barrrrrrhhhhhhhhrrrrr!

14 maio 2007

Blogues d'Um Raio

"THINKING BLOGGER"  - QUE ORGULHO!


Até estou meio-atrofiada.

Uma pessoa não pode virar as costas à blogosfera, que há logo novidades...
Olho Azul apanhou-me completamente desprevenida, e zuca!... nomeou-me "thinking blogger".
Pensar individualmente já é uma trabalheira desgraçada, quanto mais pôr os outros a pensar... "Ganda" bronca!
Pelo sim, pelo não, o melhor é irem pensando por conta própria, que este blogue não é certo!

Cumprindo a regra, aqui ficam (por ordem alfabética) as minhas cinco pensações:

A Educação do Meu Umbigo

De Rerum Natura

Inquietações Pedagógicas

O Canto do Vento

Terrear

(Cinco é um bocadinho pouco...)

Três Fs ou mais...

FÁTIMA, FUTEBOL, FRAQUEZAS E FALÊNCIA


Ontem, foi dia grande.

Fátima, "altar do mundo", encheu de paz os corações e as casas dos que acreditam, e entupiu prepotentemente as manhãs televisivas do resto.
O Campeonato Nacional de Futebol (perdão, a Liga) ocupou o fim de tarde e o serão, na expectativa da decisão do título.
Esteve meio país em pulgas para ver se a Virgem aparecia outra vez, e outra metade à espera que ela deixasse o título ao FCPorto, ao Sporting, ao Benfica.
Adeus Câmara de Lisboa, arriverdeci tristezas , hasta luego dívidas , au revoir problemas, bye-bye chatices.

Que se saiba, nenhum dos milagres ocorreu, pelo menos para já.
Em contrapartida, os peregrinos foram roubados pelos oportunistas do costume e enganados por uma organização e uma logística incapazes de criar condições para acolher condignamente todos aqueles mealheiros ambulantes que confluem fervorosamente para o santuário; chegaram tarde, retidos no trânsito, e quando apareceram, tiveram de ficar à porta, porque não havia lugar para eles... Se tinham promessas para pagar, esperassem que os primeiros a chegar se fossem embora, podia ser que então houvesse lugar para os últimos...
Ai, ai! Coisa complicada, esta religião onde não cabem todos, e onde, afinal, todos são iguais apenas na fé que pagam...

Rezar, rezar, com fervor e devoção, rezaram os sportinguistas, na esperança de que um demónio qualquer desviasse a bola da baliza do adversário do Dragão. Fé transformada em prece fulminante: "Ave Maria, cheia de Graça, faz o milagre de os obrigar a perder!".
Será retrato do país, este querer ganhar, não por mérito próprio, mas à custa do demérito de outros?...

Foi assim que decorreu mais um fantástico dia de efes, digno do Maior, do Grande Português que continua a inspirar-nos e a guiar-nos; esforçámo-nos por dar provas de que somos mesmo o orgulho deste "Pai", e que o merecemos:
Falidos, frustrados e flatulentos, mas fanfarrões e façanhudos.
Fraquinhos e frieirões, mas sempre felizes, até porque este blogue não alinha em palavrões...

09 maio 2007

Termómetros

TERMÓMETROS

De repente, chegou o calor.

Descobre-se a inutilidade da roupa de meia-estação.
A malta transpira.
A malta despe-se de roupas, de empecilhos, de capas.
A brotoeja da Primavera ataca em força; não há quem a detenha.
A malta não pára.
Que se lixem as aulas, os tpc, os exames...
A malta é jovem e só vive uma vez.
(Re)descobre-se a inutilidade da escola.

Quem nos dera (in)consciência!...

Dia da Europa - 9 de Maio

Esta é a "vaca europeia" que, há alguns anos, foi parar à entrada da Escola Europeia de Luxemburgo, durante a "cow parade". As mãozinhas coloridas que animam o animal foram lá deixadas por meninos de todas as nacionalidades europeias, alunos da Pré-Primária daquela Escola.

FOTO VACA EEL

E esta imagem ilustra apenas uma parte da gigantesca molécula de DNA, criada pelos mais de 3000 alunos da mesma escola.

É por estas e por outras que eu gosto da Europa!

Os outros não têm culpa que tenhamos sido cigarras enquanto eles formigavam!

FOTO DNA EEL

08 maio 2007

Verdade

VERDADE


"A porta da verdade estava aberta,

mas só deixava passar
meia pessoa de cada vez.

Assim não era possível atingir toda a verdade,
porque a meia pessoa que entrava
só trazia o perfil de meia verdade.
E a segunda metade
voltava igualmente com meio perfil.
E os meios perfis não coincidiam.

Arrebentaram a porta. Derrubaram a porta.
Chegaram ao lugar luminoso
onde a verdade esplendia seus fogos.
Era dividida em metades
diferentes uma da outra.

Chegou-se a discutir qual a metade mais bela.
Nenhuma das duas era totalmente bela.
E carecia optar. Cada um optou conforme
seu capricho, sua ilusão, sua miopia."

Carlos Drummond de Andrade

07 maio 2007

Eleições

 O fim-de-semana é marcado por importantes acontecimentos.

Por cá:
Vanessa Fernandes obteve um resultado histórico.

Por terras de França:
Muitos portugueses votaram em Sarkosy, convencidos de que são imigrantes de primeira, e que a "escumalha" são os outros. Ea bom para todos que eles não se viessem a arrepender.

Algures, no Oceano:
Alberto João Jardim continua.
Cada qual tem o que merece.

04 maio 2007

Falar Alto

 Sala de espera de um hospital.

Dois professores de uma mesma escola aguardam a sua vez.
Ele disserta sobre o seu profissionalismo, a qualidade das suas aulas... Fala muito alto, talvez por deformação profissional, como se estivesse perante uma turma, ou então por necessidade de afirmação, como se todos tivessem de saber...
Ela, mais contida, mais discreta, quer trocar impressões sobre os problemas de um aluno. Não tem sorte nenhuma!
Ele está noutra. Fanfarrão, volta à carga: as disciplinas difíceis e muito trabalhosas que ensina, os materiais que tem de preparar...
Ela insiste ainda no assunto do miúdo, quer contar-lhe dos contactos com a família, com os Serviços de Psicologia da Escola, com o Delegado de Saúde... Azar!...
Ele continua... alto e bom som: a visita que organizou, os papéis que preencheu...
À volta, todas as conversas tinham cessado, mortas pela pujança de tão competentes cordas vocais.
A um cantinho, não pude deixar de pensar que para um professor como ele os alunos não têm problemas, talvez porque um professor como ela ajude a resolvê-los.

03 maio 2007

Condomínios

CONDOMÍNIO

 Porque será que, das pessoas que moram em apartamentos, há sempre um javardo que acha que da porta da casota dele para fora pode sujar à vontade?

Sacos de lixo a pingar nos elevadores, pegadas de lama pela escada e no hall de entrada...
Como é que se explica a esta gente que, para além de estar a sujar o que também é seu, está a desrespeitar os outros residentes e o espaço comum, e a dar uma péssima imagem do sítio onde mora?
Há condóminos que não aprendem de maneira nenhuma, e que se estão nas tintas para os outros!
Devia haver penalização para tanta incivilidade!
Que tal se pagassem sozinhos as despesas de limpeza?

02 maio 2007

Jardinices e Madeiradas

 Alberto João continua inspirado, agora chamando bronca à oposição. Foi ontem.

Se amanhã lhe apetecer dizer que quem é bronco é o Presidente da República, esteja à vontade! Já sabe que a gente se ri; já sabe que não acontece nada.

Algo me faz pensar que este grande homem ainda há-de ser erguido em ombros pelo PSD continental; talvez até ainda possa vir a ser seu candidato natural, numas futuras eleições para a Presidência da República...

30 abril 2007

Comemorar Abril

 A LIBERDADE ESTÁ A PASSAR POR AQUI!


Há 33 anos, para não esquecer, para cumprir.

Este bloguito faz hoje um ano.
Não há-de fazer 33, sabe-se lá (muito bem) porquê, mas isso é irrelevante.
O que importa é que a liberdade anda por aqui.
Obrigada a quem passa, a quem vem e a quem está.

Jardinices e Madeiradas

 Na sua triunfante (e desnecessária) campanha eleitoral, Alberto João vai gastar mais do que gastou o actual Presidente da República , para chegar a Belém.

O homem já não é só o Rei do Funchal, Presidente do Carnaval da Madeira e, nas horas vagas, também do Governo Regional!
O homem é o maior!!!
Alguém neste país manda mais que ele?
Alguém ousa enfrentá-lo, afrontá-lo?
Nahhhhh!
Nós pagamos, ele gasta.
E, para evitar aborrecimentos, fingimos que não damos por nada.
Está tudo bem.
Ponto final.

29 abril 2007

Vícios e Virtudes

 Será a maledicência uma necessidade do espírito?

É pena que as pessoas não consigam viver sem ela.
Se as "más línguas" deixassem de espalhar o seu veneno pelo mundo, as colectividades e as associações locais seriam certamente mais prósperas.
Vem isto a propósito das dificuldades de sobrevivência que têm as colectividades do nosso país, não só por falta de apoios exteriores (Estado, autarquias, sociedade civil), mas também porque os próprios associados se demitem de qualquer responsabilidade na vida associativa, partindo do princípio de que a sua única obrigação é pagar as quotas, numa postura que torna cada vez mais difícil a renovação de corpos gerentes, e cada vez mais raro o aparecimento de mais do que uma lista a candidatar-se a um mandato na direcção de uma qualquer colectividade.
Este desinteresse conduz a que algumas direcções se eternizem no exercício, arrastando vícios, fomentando clientelas, afastando "sangue novo" ou, apenas, cumprindo rotineira e escrupulosamente o seu mandato, sem projectos nem entusiasmo. À volta destas direcções criam-se anti-corpos, peritos em maledicência mais ou menos aberta. De tudo isto, resulta sobretudo a instauração de um mau ambiente nas associações, que as mina por dentro, e que torna ainda mais ostensivo e consciente o afastamento dos sócios.
Dirigir uma colectividade e fazê-la prosperar, nos dias de hoje, é tarefa exigente que não se compadece com interesses pessoais e que requer capacidades de liderança e de gestão que não estão ao alcance de todos; talvez por isso, às vezes, as colectividades desapareçam, afundadas em dívidas ou afogadas pela desorganização.
Se em vez de se limitarem a injectar capital e apoio logístico (para iniciativas mais ou menos pontuais), as autarquias proporcionassem às direcções das associações apoio (jurídico e contabilístico, por exemplo) para o cumprimento das muitas exigências a que se vê obrigada uma associação, e se os associados se empenhassem um pouco mais nas actividades da sua colectividade, as nossas vilas e aldeias seriam mais vivas, mais dinâmicas e mais aprazíveis, e Portugal seria um país menos cinzento.

Campeonato da Língua Portuguesa - Que Tristeza!

 Já se sabia que Bárbara Guimarães era assim sem teleponto: fraquinha, fraquinha.

Nas edições anteriores, já a tínhamos visto gaguejar, enganar-se, atropelar a língua, ter má dicção, desconhecer verbos, ignorar palavras, prejudicar os concorrentes.
Desta vez, foi pior!
E que dizer daquela ideia de atirar os envelopes para o chão, envergonhando os putos do anúncio da reciclagem? É para dar o exemplo aos mais novos?
E a trapalhada dos botões de apuramento em que os concorrentes tinham de carregar? Alguém ficou convencido acerca do seu bom funcionamento?
E aquele júri, a pactuar com as asneiras da tia Babá, e a credibilizar o atentado!?
E convocar concorrentes para nem sequer os apresentar? Quem eram? Onde estudam? Onde trabalham? De onde vinham? Não interessa!
Apontar a dedo apenas duas concorrentes porque são professoras, que intenção tem? Humilhá-las, se errarem?
O concorrente que não deu erros no ditado mereceu alguma atenção? Népia!
Dos vencedores, ao menos, soube-se alguma coisa? Nem pó!
Até lhes trocaram os troféus, na pressa da entrega dos prémios!
Ficámos a saber bem o que tinham ganho? Qual quê?! Estava na hora do telejornal!

Mas houve tempo para dar tempo de antena a um colégio privado só porque foi o que inscreveu mais alunos na competição! Desde quando é que quantidade é qualidade?
Tanto improviso e tanta incompetência num directo!
Aquele concurso é um atentado à língua portuguesa, mas também à inteligência dos espectadores e à dignidade dos concorrentes!
Como falante do português, aquela apresentadora é uma nódoa!
A SIC quer fazer omoletes sem ovos, com aquele concurso!
Arma-se em serviço público, porque lhe fica bem e lhe pode dar algum lucro, mas não quer sê-lo, na verdade, e está-se nas tintas para a língua e para os concorrentes!
A estação, a apresentadora e o júri bem podiam passar umas horas a ver como fazem os inventores do modelo que compraram/copiaram, os franceses Bernard Pivot e Julien Lepers, que há anos e anos apresentam magistralmente o "Dico d'Or" e o "Questions pour un Champion"; podia ser que aprendessem alguma coisa...

24 abril 2007

Eusébio, Hospital da Luz e Publicidade

 Se tudo correr bem, Eusébio deve ser "deshospitalizado" dentro em breve.

O doente Eusébio garantiu ao novo e desconhecido Hospital da Luz abertura de noticiários, directos vários e transmissões diversas em todos os canais.
Que melhor campanha nos media poderia o hospital ter encomendado, para divulgar a sua existência e promover a sua imagem? Quanto vale um doente deste gabarito?

No fim de contas, Eusébio é que lhes devia apresentar factura!

23 abril 2007

Eleições em França

 Grande taxa de participação eleitoral, nas Presidenciais, em França!

Em cada 100 eleitores, 85 foram votar. Fizeram fila e tudo! Lembrei-me de Portugal, nas primeiras eleições após a Revolução e pensei, mais uma vez, que algo vai mal por estas bandas... Talvez pudéssemos olhar para o exemplo gaulês, e tentar tirar conclusões sobre o que leva os portugueses a estarem tão afastados da política.

O eleitorado francês foi picado, abanado, sacudido pelos candidatos, por um discurso político anti-"langue de bois", por projectos bem distintos, e não quis ficar em casa.
Nicolas Sarkosy diz que foi por ele que se mobilizaram.
Mas como ele "só" teve 30% dos votos, prefiro acreditar que a França se mobilizou contra ele.
Em Maio saberemos.

Speacker's Corner

 Portugal deveria ter uns quantos speaker's corner espalhados pelo país.

Resolvia-se o problema de verborreia cega que ataca alguns políticos (de vários quadrantes), sobretudo quando estão na oposição.

20 abril 2007

O Negócio das Editoras Escolares

 As editoras escolares recomeçaram as suas sessões de promoção de manuais.

Dantes, os professores que participassem nestes lançamentos viam a sua falta justificada, sem qualquer prejuízo.
Com o novo estatuto da carreira docente, estas faltas passaram a prejudicar a progressão na carreira, pelo que as editoras apostam este ano em sessões ao fim da tarde, às sextas-feiras ou aos sábados, e restringem o número de locais onde estes encontros têm lugar.

Embora participar nestas iniciativas continue a significar contactar com os autores dos manuais, trocar ideias com eles e com outros professores, e receber, na íntegra, o projecto editorial do manual em questão, a verdade é que a maioria dos docentes não comparece.

Por um lado, é errado partir do princípio que os professores não têm aulas à sexta-feira: a maioria trabalha!
Por outro lado, compreende-se que muitos não estejam disponíveis para prescindir do (pouco) tempo que têm para passar com a família em troca de uma sessão que pouco lhes trará de pedagogicamente interessante e inovador.
Além disso, quem vive longe dos grandes centros urbanos, e tem de percorrer distâncias significativas para chegar a uma destas apresentações, sabe que as despesas de deslocação são grandes e que nenhuma oferta as compensa, seja ela de manual, de saco, de esferográfica ou de bloco-notas, de descontos em livros, ou de almoço ou jantar.

Talvez as editoras devessem repensar procedimentos, e deixar de olhar para os professores como pindéricos gulosos que se vendem por uma esferográfica, uns bolinhos ou um copo de sumo.

Em vez de gastarem um ror de dinheiro com estas acções em hotel mais ou menos estrelado, porque é que as editoras não concentram esforços no envio atempado de todos os materiais de todos os projectos (mesmo sem brinde!) para todos os professores de todas as escolas, de modo a proporcionar-lhes condições de procederem a uma escolha criteriosa, cuidada e tranquila?

Terão algumas medo de alguma coisa?
Será esta a face vísivel de um qualquer fenómeno de antropofagia editorial?
O que pensará sobre isto o Ministério da Educação?

Tenham um bom fim-de-semana!

18 abril 2007

Avaliação Externa das Escolas

 Está na moda a avaliação externa das instituições.

À pala disso, andam por aí uns jovens licenciados no desemprego que tiveram a brilhantíssima ideia de vender às escolas um projecto de avaliação .
Gabam-se que falaram com a ministra da Educação, que ela aprovou, e agora vendem o seu produto (nada barato...) pelo país fora.
A coisa será mais ou menos assim:
A comunidade escolar responde a um questionário, cujos dados, depois de tratados, permitirão identificar os pontos fortes e fracos das instituições.

Os questionários são iguais para todas as escolas?
Não. Cada escola tem o seu, adaptado à sua especificidade (o que significa que uma escola pode escolher para o questionário apenas as áreas em que é muito forte, escondendo debaixo do tapete as suas fraquezas, e mostrando um nível de excelência que é apenas sectorial?)

Mas os questionários são elaborados por técnicos credenciados?
Parece que não! Os tais jovens andam a formar equipas de avaliação para gerir o processo dentro das escolas.

Com regras concretas, iguais para todas as escolas?
Parece que não! Cada qual faz como quer: numas, a equipa tem muitas pessoas, noutras tem só 3; numas não se regista a presença de qualquer representante dos órgãos de gestão de topo, noutras até lá está o Presidente da Assembleia de Escola (o mesmo que, depois, se há-de pronunciar sobre o resultado final). É à vontade do freguês.

O que fazem essas equipas, geralmente sem qualquer especialização em sociologia, sem quaisquer conhecimentos sobre técnicas de elaboração de questionários?
Elaboram os questionários para a comunidade escolar, ao que parece, com base num rol de categorias que os tais "especialistas" lhes distribuem, e que seleccionam e adaptam em função da sua própria escola, e dos interesses dela. Trabalham desalmadamente, e à borla.

E os "peritas" o que fazem? Tratam da validação dos questionários?
Talvez não, porque há questionários que chegam às mãos dos inquiridos com erros de palmatória, de fazer arrepiar um estudante do primeiro ano de estatística.

A quem vão ser aplicados esses questionários?
A todos os professores e, por amostra, a encarregados de educação.

A amostra é aleatória?
Não! Como já se sabe que há pais que não vão responder, aceita-se que se escolham os pais a quem entregar o questionário.

Por esse país fora, estes jovens (cujo espírito empreendedor é de louvar, porque fazem pela vida deles) já conseguiram convencer uma vintena de escolas a serem avaliadas por este processo, cientificamente irrepreensível, obviamente legal e evidentemente credível.
Se é assim que se vai fazer a tal avaliação externa das intituições, vou ali assobiar e já venho!...

17 abril 2007

Quadrilha e Telenovelisão

 João amava Teresa que amava Raimundo

que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou pra tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história.

Carlos Drummond de Andrade

Como se vê, não é preciso muito para escrever uma telenovela. Basta talento.
Boa lição para os guionistas (principalmente os da TVi!), que escrevem a metro e repetitivamente.
Com a falta de imaginação, episódio-sim, episódio-não, lá aparece um personagem a perguntar:
"O que é que tu queres dizer com isso?"
Só muda o tom, mais ou menos ameaçador, mais ou menos pateta.
O que é preciso é fazer esticar! E lá vamos nós até à uma da manhã, se quisermos ver qualquer coisita, um filmezeco, uma seriezita, um debatezinho...
Em vez de televisão, o que Portugal tem é uma telenovelisão!

16 abril 2007

Prioridades do Eduquês

 Os meus alunos mais fracos, com a corda ao pescoço no nono ano, andam aflitos a contar insucessos e a ver quantas negativas podem manter sem reprovar, o que não é a mesma coisa que andar a ver quantas negativas é preciso subir para transitar de ano.

Gostaria de vê-los a contar quantos trabalhos podem fazer para aprender mais qualquer coisinha, e de quanto esforço precisam para recuperarem, aceitando os desafios que lhes lancei e cumprindo o plano de trabalho que juntos estabelecemos...
Isto sou eu, a marchar contra o eduquês: rabugenta e contrariadeira, insisto em pensar em responsabilidade, trabalho, seriedade e esforço.
Terei alguma hipótese?

12 abril 2007

Desperdícios

 Já por aí andam os programas que supostamente comemoram Abril.

Em Cerromaior, a atracção deste ano são "Os Anjos".
Continua a falta de imaginação e a banalização.
O pagode gosta?
Pelo menos, o pagode paga, e não é pouco.
Para construir um auditório como deve ser, não há dinheiro... Pois se ele se gasta assim, no efémero... como há-de chegar para outras coisas?

Uma curiosidade: há um lugar do concelho que não é sede de freguesia, e que não alberga qualquer instituição pública, mas que vai ter uma cerimónia de hastear das bandeiras dos dois clubes locais e da portuguesa que, como é sabido, fica bem em qualquer lado.

Estarei enganada, ou normalmente não se fazem cerimónias de hastear de bandeiras de associações em conjunto com a bandeira nacional? Qual é a intenção deste gesto?

10 abril 2007

Tempos

O tempo que não se tem.

O que se perde.
O que se faz e o que não se faz.
O que se poupa.
O que chega.
O que não dá para nada.
O esquisito, do sol, da chuva e da trovoada.
(Tempo dum raio!...)
O da vida e o do calendário.
O dos ponteiros, a horas, e o dos hábitos, atrasado.
O que passou e o que há-de vir.
Outros tempos...

27 março 2007

Cinquentenário do Tratado de Roma: Onde fica a União Europeia?

Os europeus festejaram forte e feio o cinquentenário do Tratado de Roma.

Muitas capitais foram palco de grandes festejos, concertos de papillon ou festividades de ganga, espectáculos mais ou menos faustosos, vistos em directo pelos respectivos países, via tv.

As grandes cadeias de televisão europeias desfizeram-se em documentários, debates (sobre o passado e o futuro), cerimónias engravatadas.

Nós, por cá, vimos o telejornal, as telenovelas da ordem e a porcaria do costume.

Madrugada fora, escondidinha, para não atrapalhar o telelixo, a RTP2 transmitiu o espectáculo de Bruxelas...

Assim se afastam os portugueses da consciência europeia, e se atrofia o espírito de pertença a uma comunidade de 27 países.

Depois, admiram-se das taxas de abstenção nas eleições para Estrasburgo!

Somos tão felizes, assim pequeninos, assim sozinhos, lindos, lindos, lindos!

Deixem-nos estar aqui quietinhos, bonitinhos e sossegadinhos, a fazer a vontade a Salazar, como ostras ignorantes !

Lá longe, eles que se governem! - teimam alguns em desdenhar. Puro engano!

Lá longe, eles é que nos governam! Já deveríamos ter percebido isso há uns anitos...

21 março 2007

Férias Antecipadas

 Última semana de aulas, e vá saídas de desporto, provas de orientação, etc. e tal e mais qualquer coisa que se arranje.

Tudo aparece, menos os alunos nas aulas. Temos de lhes pedir, por favor, que arranjem uns minutos para fazerem a auto-avaliação.
Ficamos felizes por podermos entregar-lhes o teste em mão própria, se eles condescenderem em dedicar-nos alguns minutos com essa coisa de somenos que é receber um teste e pronunciar-se sobre a avaliação.
A nota até nem é importante e o futuro não passa por aqui, quanto mais não seja até à saída da pauta. Depois, logo se vê.
É a escola do prazer e da diversão, a funcionar no seu melhor.
Que importa que não se saiba nada? O que é preciso é ser feliz, fazer o que nos apetece!
No futuro, quem sabe, talvez até nos espere um lugar na televisão...

19 março 2007

Eficácia, Pertinência e Democracia

 Mandam reunir toda a gente e marcam a data e a hora.

Querem propostas!
A malta reúne, quarta à tarde, para apresentar propostas.
Reúne, à tarde, e discute, à tarde, e lá apresenta, pensa-se, contributos para A PROPOSTA FINAL da instituição.
Para quando? Para o dia seguinte?
Pois... (tosse e engasgo)
Acontece que, de manhã, a instituição já apresentara oficialmente às instâncias superiores a sua PROPOSTA OFICIAL, democraticamente proposta pelos responsáveis, depois de ouvidos os responsáveis e, naturalmente, com a concordância plena dos responsáveis!
Para que é que se reúne, se TUDO já está decidido?
(Agora, venham cá dizer-me que não somos uns palhaços...)

15 março 2007

Reciclagem para Múmias e Professores

Rompam a indiferença,

Evidenciem o descontentamento,

Cantem fúrias,

Indignem-se,

Construam alternativas,

Levantem-se,

Acreditem,

Galopem,

Enervem-se,

Mexam-se!

11 março 2007

Brindes e Promoções

Os iogurtes dão colheres.

A cerveja dá copos.

O detergente dá amaciador.

O Expresso dá filmes.

Os jornais diários dão música.

O Ministério da Educação dá choque.

07 março 2007

Realidade, Pesadelo e Prémio

Neste dias de pesadelo real e objectivo, o que fazer?

Uma proposta aos professores injustiçados, discriminados e marginalizados:

Se acharem que a vossa carreira não é apenas um retalho de registo biográfico, mas antes uma vida na escola, toca a concorrer ao Prémio de Excelência!


É "bombardear" o Ministério da Educação com currículos recheados de projectos, de trabalho real-concreto-objectivo-palpável com as turmas, com relatos de experiências pedagógicas, daquelas com alunos e tudo!

É afogar o discurso obsessivo da assiduidade no mar da pedagogia, da didáctica, do conhecimento e da entrega à escola e à profissão.

Mostremos quem tem realmente contribuído para o sucesso escolar.

Talvez assim quem legisla descubra alguma coisa sobre as escolas, lendo os relatos de vidas e não os retalhos de registos biográficos.


Ou será que o Prémio também só vai ser atribuído em função dos últimos sete anos de carreira?


06 março 2007

Indisciplina

 O Ministério da Educação anunciou revisão do Estatuto do Aluno do Ensino Não Secundário e desburocratização dos procedimentos que tornaram a expulsão de uma aula um castigo para o professor.

Os fenómenos responsáveis pela indisciplina vêm, em grande parte, de fora das escolas, e por isso não se resolve por decreto este problema.
A legislação em vigor retirou autoridade aos docentes porque os transformou nas principais vítimas do procedimento disciplinar, uma vez que recai sobre os seus ombros a panóplia de procedimentos a que não podem escapar (redigir participações, proceder a inquéritos, ouvir todas as partes, reunir, redigir relatórios, reunir... e continuar a cumprir todas as suas tarefas, como se nada se tivesse passado).
Esta perspectiva de se ver submerso num processo disciplinar "amaciou" os professores, criou neles uma tendência para relativizarem a gravidade das atitudes dos alunos, aceitando hoje o que era impensável ontem, ignorando ofensas, calando humilhações.
A pouco e pouco, este estado de coisas foi-se tornando o "pão-nosso-de-cada dia", e o que era uma situação pontual fez-se prática corrente.

Aparece ainda outro parceiro do processo, que são os pais, a quem é cada vez mais difícil educar, exercendo sobre os filhos a autoridade e a influência necessárias à sua formação e ao seu desenvolvimento; os próprios pais são (quantas vezes!) as primeiras vítimas dos jovens cidadãos que geraram; por arrogância, por cegueira ou por medo, tendem a desculpar/desculpabilizar, em vez de reconhecerem a possibilidade de que o jovem não seja perfeito, em vez de aceitarem que, perante o erro, a punição pode ser mais formativa/educativa do que a demissão ou o perdão.

Uma desgraça nunca vem só, e a isto se acrescenta o facto de os professores, enquanto adultos, estarem (eles próprios) muito mais permissivos em relação aos seus próprios filhos e, por extensão de comportamentos, arrastarem essa flexibilidade para a função docente, na qual projectam muitas vezes os seus próprios problemas enquanto educadores.

Com este cenário, não consigo estar muito optimista.
Receio que, mesmo com agilização de meios, a escola continue a degradar-se, os alunos continuem a ser mal-educadamente reis e senhores, os pais continuem a defender cegamente os seus jovens, e os professores continuem a achar que a culpa é de todos... menos deles.
Infelizmente, palpita-me que vou continuar a assobiar por muito tempo.